Desde dezembro, a freguesia de Serdedelo, em Ponte de Lima, assiste à morte, a tiros, de cavalos garranos que pastam pelos montes da localidade. Ao todo, disse ao DN o presidente da junta local, já há registo de oito cavalos mortos, sendo que só na semana passada foram quatro. A possível destruição de algumas culturas pode estar na origem do caso, admite Fernando Fiúza.
“Os cavalos até nem andam pela freguesia. Só que nesta altura do ano descem o monte para comer e entram nas propriedades privadas, destruindo as culturas, o que não deve agradar muito aos proprietários”, apontou o autarca.
O fenômeno não é novo. Há menos de um ano, dois cavalos desta raça nacional protegida foram mortos a tiro em Paredes de Coura e, poucos meses antes, outros quinze. Além de Coura, também em Melgaço. Em todos estes casos a GNR foi chamada a investigar, decorrendo diligências para apurar os autores dos disparos. A suspeita recai sob proprietários de terrenos agrícolas. “Os cavalos destroem as culturas e os proprietários tratam-lhes da saúde”, atira o autarca.
O Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR tem reforçado a vigilância e aponta para que apenas metade dos garranos criados livremente tenham a marca, obrigatória, de identificação do tutor.
Por diversas vezes a Fundação Alter Real já alertou para a possibilidade de a ameaça de extinção da raça garrana agravar-se – de acordo com registos de dez anos atrás, eram apenas cerca de dois mil animais. Classificada como espécie protegida, a ameaça aos garranos acontece, ainda, por se tratar de uma raça que exige um regime “semi-selvagem”, com os animais em criação livre pelos montes, espaços cada vez mais reduzidos e limitados.
Desde 2008, segundo dados oficiais relativos a queixas participadas, há registo de 25 garranos abatidos a tiro, entre Paredes de Coura, Ponte de Lima, e Melgaço, apenas nos últimos 18 meses.
Fonte: DN Sapo