O porte pequeno e o peso leve – cerca de 150 quilos – para um cavalo evitaram o pior, mas “Castiço” se comportou com a valentia dos grandes e ajudou no próprio resgate. Isso porque, apesar de se ter visto encurralado num buraco profundo e escuro, após uma queda em que poderia ter ficado gravemente ferido, manteve-se calmo durante as quase duas horas e meia preso, enquanto os resgatistas buscavam solução.
E foi o comportamento sereno do animal que permitiu ao tutor, Manuel Santos, descer e envolvê-lo em cintas, para que uma retroescavadora pudesse eleva-lo até à superfície.
Não foi preciso muito para concretizar a operação: como a corporação de bombeiros da Trofa não possui uma grua, o tutor do cavalo resolveu pedir auxílio a um amigo e, com a máquina, cordas, cintas e uma escada, o “Castiço” viu a luz do dia, ao cabo de meia hora após o início do resgate.
Se esperneou quando o braço da retroescavadora o mantinha no ar, ao sentir o solo ergueu-se com dignidade nas quatro patas – as de trás feridas -, levantou a cabeça e, com olhar inesperadamente terno, mirou quem o aguardava no exterior.
“Ele estava calmo. Um pouco cansado, também”, contou Manuel Santos.
E, no momento mais aflito do ano e oito meses que “Castiço” leva de vida, ele olhou: desceu os seis metros de profundidade para salvar o cavalo. “Conheço o animal e estou à vontade”, explicou, após o salvamento.
“Com um camião-grua iam fazer exatamente o mesmo”, justificou Manuel Santos, que, mais de uma hora decorrida do incidente, estava impaciente com a demora do resgate. “Por incrível que pareça, apesar de a queda ter sido grande, não aconteceu nada de grave. Só ficou ferido na parte da garupa, sem gravidade”, esclareceu a veterinária municipal, Joana Matos.
Fonte: JN