Um cavalo foi submetido a uma agonia inimaginável e executado de forma brutal em Bananal (SP). O crime foi cometido no sábado (16/08) por Andrey Guilherme Nogueira de Queiroz de 21 anos de idade, que foi liberado pelas autoridades mesmo após confessar o crime, mostrando o descompasso entre a lei e a justiça.
Segundo investigações da Polícia Civil realizadas ontem (18/08), o horror se desenrolou durante uma cavalgada. O cavalo branco foi forçado além de seus limites até colapsar, vencido pela exaustão. Em vez de ajudá-lo, o homem cortou suas patas e ele sangrou até a morte
De acordo com uma testemunha que também cavalgava, ao ver o cavalo deitado e com a respiração enfraquecida, o homem declarou: “se você tem coração, melhor não olhar”. Em seguida, desferiu um golpe com um facão que mutilou a pata do equino.
Impactada pela cena, a testemunha relatou ter passado mal e deixado o local imediatamente.
Quando interrogado pelos investigadores, o homem confirmou ter cortado o cavalo com um facão, porém alegou que ele já estava morto quando realizou o ato em uma tentativa covarde de minimizar seu crime. O caso foi registrado como prática de abuso a animais, com agravante pela morte do animal.
De acordo com a investigação da Polícia Civil, após cortar as patas do animal, o jovem e um colega amarraram o corpo a um carro e o arrastaram por cerca de 700 metros até abandoná-lo em uma vala. Uma veterinária chamada pela polícia avaliou o cavalo e especialistas agora tentarão determinar se ele morreu antes ou depois das mutilações.
Testemunhas relatam que o cavalo havia percorrido 14 km antes de cair de exaustão. Ainda assim, mesmo que estivesse morto, o ato de mutilar e arrastar o animal é considerado um caso evidente de maus-tratos e crueldade.
A Prefeitura de Bananal divulgou nota repudiando o episódio e afirmou ter acionado imediatamente a Polícia Civil e a Polícia Ambiental, reforçando que não aceitará impunidade. Ainda assim, a soltura do agressor, mesmo diante da gravidade e da confissão, revoltou protetores e ativistas.
É necessária a aplicação da Lei 14.064/2020 (Lei Sansão), que prevê pena de 2 a 5 anos de reclusão para maus-tratos que resultem em morte do animal.
O crime teve ampla repercussão. Cantores e influenciadores como Ana Castela e Gustavo Tubarão repudiaram o episódio. A comoção levou a deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) a anunciar a apresentação de um projeto de lei para endurecer as penas contra crimes de maus-tratos a todos os animais, não apenas para cães e gatos, já contemplados pela Lei Sansão.
Em meio à comoção geral, a presidente da Agência de Notícias de Direitos Animais (ANDA), Silvana Andrade, amplifica o coro de especialistas que veem uma conexão direta entre a violência contra animais e a degradação do tecido social. “Cada vez que um caso de extrema brutalidade é tratado com leniência pelo Estado, nós retrocedemos como sociedade. Quando o sistema penal falha em reconhecer isso, ele está negando justiça e minando os próprios fundamentos. Não podemos mais conviver com esse tipo de impunidade, que alimenta um ciclo perverso de mais violência e menos empatia”, afirma.
O caso é uma consequência de uma cultura que ainda tolera a exploração e a violência de animais, tratando eles como objetos de uso e descarte. A brutalidade começa com a complacência diária com formas “menores” de abuso.
Enquanto a justiça for lenta e branda com os que cometem esse tipo de crime, estaremos falhando coletivamente como sociedade. A impunidade institucionalizada alimenta o ciclo de violência, enviando o recado de que torturar e matar um animal é um risco calculado, com poucas ou nenhuma consequência real.
Enquanto o sistema penal tratar um confessor de tortura animal como um cidadão que merece aguardar em liberdade, estaremos falhando coletivamente e sendo cúmplices de uma estrutura que permite e perpetua a barbárie.
Nota da Redação: este caso hediondo é um retrato gritante do especismo estrutural que impera em nossa sociedade. A brutalidade com que o cavalo foi tratado, explorado até a exaustão e depois executado como um objeto estragado, é a face mais visível de uma violência cotidiana e normalizada. A ANDA repudia veementemente mais este episódio de extrema crueldade e espera que a lei seja aplicada com todo o rigor, transformando a revolta em uma mudança concreta que puna severamente o agressor e poupe outros animais de destinos igualmente terríveis. A impunidade é cumplicidade.