Por Simone Gil Mondavi (da Redação – Argentina)
Diversas organizações apresentaram nesta terça-feira (29) uma proposta conjunta ao Parlamento Judicial de um projeto de lei para incorporar à Lei de Proteção dos animais um novo ponto que visa proibir animais de circo na Catalunha, Espanha. As informações são de EuropaPress.
Em uma coletiva de imprensa com o presidente da associação animalista “Libera”, Carlos Lopez, e representantes dos cinco grupos diversos (CiU, ERC, PSC, ICV-EUiA y CUP), eles defenderam a importância desta reforma para a Catalunha avançar em suas questões de âmbito animal e se aproximar do modelo europeu de sociedade.
O secretário de organização da Convergência Democrática (CDC), Josep Rull, considerou que “hoje a Catalunha é mais parecida com o resto da Europa”, uma ideia em que Jordi Terrades, representante do PSC, insistiu e argumentou que uma sociedade esclarecida deve se preocupar com os direitos animais.
Esta proposta que, vai alterar a Lei sobre a proteção dos animais, se une às iniciativas de Julho de 2010, que após um debate intenso modificou a legislação para proibir as touradas na Catalunha.
Desta vez o debate é esperado com menos controvérsia, pois, como foi explicado pelos promotores da iniciativa, os espetáculo dos circos com animais já é pratica minoritária na Catalunha e, como explica o deputado Oriol Amorós, apenas um só circo permanece ativo na Catalunha e por mais de um ano que não atua na comunidade.
Vale lembrar que 99 municípios catalães já proíbem esse tipo de show em seus municípios, portanto a nova proposta do Parlamento catalão pretende estender o veto com objetivo de que sirva a todo o território.
“Aquele que é cruel com os animais não pode ser uma boa pessoa e os catalães estão demonstrando que são boas pessoas”, acrescentou o presidente da Libéria, que concluiu o acordo entre a maioria dos grupos para levar adiante essa afirmação.
Touradas
Apesar de comemorar o progresso na proteção dos animais envolvidos nesta iniciativa, a deputada do partido ICV- EUiA (Iniciativa per Catalunya Verds-Esquerra Unida i Alternativa), Hortensia Grau disse que “ainda há um caminho a percorrer”, e se refere à proibição do “correbous”, festa tradicional popular dedicada aos eventos com touradas, especialmente das regiões do sul da Catalunha.
“Se você me perguntar se há contradições na defesa dos direitos de alguns animais e não de outros, eu digo que sim, existem”, reconheceu Amorós, e sem ressalvas ressaltou que o Parlamento da Catalunha tem progredido de forma constante nos assuntos de defesa dos animais.
O deputado da CUP (Candidatura d’Unitat Popular), Quim Arrufat, que tem sido a favor da proibição dos “correbous”, comemorou o progresso da proibição dos circos com animais e enfatizou que este processo tem sido liderado pela sociedade civil e não pelo Parlamento catalão.
A respeito das touradas, está em pauta uma nova lei que daria status de “patrimônio cultural” às touradas na Espanha. Afetada pela crise econômica e em descrédito cada vez maior pelo povo consciente das torturas cruéis que são infringidas aos animais, a industria das touradas, que também se apropriava de investimentos públicos, já que o evento era considerado como digno de receber dinheiro público, está cada vez mais decadente.
Uma coalizão de grupos internacionais de proteção animal imediatamente se pronunciou, criticando o projeto de lei e a aprovação do uso de fundos públicos para a “crueldade animal inaceitável”, “O governo da Espanha sinalizou seu apoio à crueldade animal inaceitável e o subsídio de recursos públicos para patrocinar o esporte sangrento”, dizia um comunicado assinado por diversos grupos incluindo o PETA.
“Este movimento é uma tentativa cínica da desesperada indústria das touradas para assegurar o futuro desse empreendimento de morte. Touradas são cruéis e ultrapassadas, e não têm mais lugar em uma sociedade moderna; a cultura termina onde começa a crueldade”, segundo o comunicado.
Uma carta assinada por 103 organizações de 29 países também foi enviada ao Senado contra a lei desumana que favoreceria as touradas. Também uma outra carta assinada por intelectuais de diversos países foi enviada ao Senado, em que eram colocados os perigos de uma educação à crianças com a presença de eventos sangrentos e cruéis, como as touradas.