A cada dez gatas que desenvolvem um tumor na mama, oito têm tumor maligno. No caso das cadelas, o índice é menor, mas não menos preocupante. São cinco tumores cancerígenos em cada dez casos.
As estatísticas revelam que as ações de combate ao câncer de mama não devem ser restritas a humanos. Os animais domésticos também precisam de cuidados. E não somente as fêmeas.
“Embora seja mais raro, os machos também podem desenvolver câncer de mama. Por isso, adotar medidas de prevenção é fundamental, independentemente do sexo”, afirma a veterinária e coordenadora da campanha “Outubro Rosa Pet”, Alessandra Estrela Lima.
Justamente por esse motivo, pelo segundo ano consecutivo, ações são realizadas durante o mês de outubro, em diversas cidades do país, com o objetivo de chamar a atenção para a prevenção do câncer de mama em animais.
Em Salvador, a ação aconteceu no último dia 10, quando 164 animais com câncer de mama receberam atendimento gratuito e foram encaminhados para clínicas parceiras, que se comprometem a dar descontos na realização dos procedimentos necessários.
Castração
“Ano passado, a campanha aconteceu somente em Salvador. Este ano, além da capital, as ações também ocorreram em Feira de Santana, Pojuca e Catu. E a ideia é aumentar a cada ano o número de cidades participantes”, afirma Alessandra.
De acordo com o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), a castração precoce é a forma mais indicada de prevenir a proliferação de tumores mamários e deve ser feita, preferencialmente, antes do primeiro cio das fêmeas.
“Com a castração, os animais deixam de produzir os hormônios liberados durante o cio, que alimentam as células cancerígenas. Sem o estímulo hormonal, a probabilidade de desenvolver câncer de mama diminuiu”, explica o veterinário e presidente da Comissão de Saúde Pública do CFMV – Bahia, José Eduardo Ungar de Sá.
Segundo ele, a doença atinge mais frequentemente animais que ultrapassaram os 6 anos de idade, além daqueles que não foram castrados ou que foram castrados após diversos cios.
Quanto mais tarde o animal for castrado, maiores são as chances de desenvolver câncer de mama: 99% das cadelas castradas antes do primeiro cio não desenvolvem a doença. Já em gatas, a castração reduz as chances de câncer de mama entre 40% a 60%.
“Após o primeiro cio, a chance de desenvolver a doença reduz para 92%. Depois do segundo, diminui para 73%. Castrar é um ato de amor”, explica a veterinária e sócia-diretora da Clínica Pet Doc, Ara Coeli Ladeia.
Há um ano, a poodle Mel, de 14 anos, enfrentou um câncer de mama. Apesar da idade avançada, a cadela ainda não havia sido castrada. “Ela sempre foi saudável e nunca nos deu muito trabalho. Então, não consideramos a castração uma prioridade, mas hoje sei que não foi a atitude mais correta”, declara a tutora de Mel, a advogada Evelyn Borges, 25.
O procedimento foi realizado durante a mastectomia radical, cirurgia para a retirada de todas as mamas da cadeia mamária do animal. “Retiramos toda a cadeia para que não ocorra a disseminação das células tumorais para outras mamas e órgãos”, explica a veterinária Ara Coeli Ladeia. Em casos mais extremos, além da cirurgia, pode ser feita a quimioterapia antineoplásica.
Cuidado
Guardiã de sete gatos e quatro cachorros, a aposentada Maria Lígia Morais, 73, busca castrar todos os seus animais antes do primeiro cio para evitar problemas no futuro. “Nunca tive um animal com câncer de mama. Todos morrem de velhice, graças a Deus”, diz, orgulhosa.
Além da castração, os veterinários orientam que os tutores dos animais adotem o hábito de apalpar as glândulas mamárias do animal. “É o que chamamos de toque amigo. Assim, ele poderá observar se há alguma alteração ou nódulo”, alerta a veterinária Alessandra Estrela.
Mas é preciso ficar atento: o exame das mamas do animal não exclui a visita periódica ao médico veterinário. “Os exames também são fundamentais”, acrescenta.
Fonte: A Tarde