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Casos de maus-tratos a cachorros vão parar no MP

16 de dezembro de 2011
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Cão preso dentro de carro no Shopping Recife. (Foto: Gabriela Galvão/Esp. DP/D.A Press)

Quatro casos recentes de maus-tratos a animais chocaram e mobilizaram entidades protetoras de animais. Um vídeo de um cão da raça yorkshire espancado até a morte na frente de uma criança em Goiânia, o cão arrastado pelas ruas da Paraíba com um saco plástico na cabeça, a foto do vira-lata com o focinho decepado, a cadela da raça boxer que teve a mandíbula destruída ao ser agredida pelo próprio tutor e o “diário” da luta pela sobrevivência do vira-lata enterrado vivo no interior de São Paulo estão entre os assuntos mais comentados na internet.
As pessoas só têm um pedido: Justiça. Em São Paulo, no início do mês, passou a funcionar um grupo especial de combate a crimes contra animais no Ministério Público Estadual. Dois promotores foram designados para integrar o grupo, que funcionará no Fórum Criminal da Barra Funda: Vania Maria Tuglio e Carlos Henrique Prestes Camargo.
A criação, justifica o MP, “nasce em razão do elevado número de ocorrências envolvendo abusos, maus-tratos, ferimento e mutilação de animais, inclusive em ambietne urbano e doméstico, caracterizando a prática de delitos, segundo a lei 9.605/98”. O grupo vai atuar de forma integrada com o promotor de Justiça, oficiando em representações criminais, inquéritos e processos criminais, de acordo com o Ministério Público. Em Curitiba, vereadores aprovaram os dois projetos de lei, de autoria da Prefeitura, que estabelecem sanções contra maus-tratos a animais.
A polícia de Formosa (GO) abriu um inquérito por causa do vídeo postado no Youtube que mostra o cachorro da raça yorkshire sendo agredido pela tutora, na frente de uma criança, que aparenta ter 3 anos de idade. Ela bate no animal com um balde e o prende embaixo para sufocar. Antes, chutou e o arremessou na parede. O animal morreu, segundo a polícia. A polícia recebeu o vídeo, de maneira anônima. À TV Globo, o delegado Carlos Firmino Dantas, do 1º DP de Formosa, disse que a mulher, que seria uma enfermeira de 22 anos, alegou que o animal dava muito trabalho. Ela prestou um depoimento informal. Segundo o delegado, houve crime contra o cachorro e contra a criança. – Queremos provar que há o constrangimento da criança. Isso é um crime previsto no Estatudo da Criança e do Adolescente. Ela poderá ser condenada, não só com cesta básica, mas chegar uma pena de três anos e meio – explica o delegado. O MP de Goiás informou que acompanha o caso e aguarda do fim do inquérito policial para tomar providências.
Pelo twitter, a vereadora Heloísa Helena (PSOL), ex-senadora, defendeu a aprovação de lei contra maus-tratos dos animais. E faz um apelo à pessoa que fez e divulgou as imagens: “quem postou o vídeo precisa urgente encaminhar denúncia (pode ser anônima) ao MP/Vara da Infância pois tem criança envolvida”.
O diário do cachorro enterrado vivo
Outra história que causou comoção e também ganhou destaque nas redes sociais foi a do vira-latas Titã, enterrado vivo pelo próprio tutor na cidade de Novo Horizonte, a 399 km da capital. Ele foi resgatado há uma semana por um integrante da Ong Mão Amiga e por pouco não morreu. Com infecções, anêmico, com sarna e com um olho ferido, a luta do animal pela sobrevivência e sua recuperação são noticiadas quase que como num diário. E a Ong já tem 34 pedidos de adoções, de pessoas que ligam do Brasil e do exterior. Quando fecha a clínica, a veterinária responsável pelo seu tratamento leva Titã para sua casa.
A repercussão do caso surpreendeu o representante da Ong, Marco Antonio Rodrigues. – Todos os dias, recebemos cerca de cinco, seis denúncias de bichos que passam fome, estão doentes. Mas a história do Titã teve uma repercussão que até nos assustou – conta Rodrigues.
Para o veterinário e professor do curso de Psicologia da PUC de São Paulo, Mauro Lantzman, especialista em comportamento e bem-estar animal, a grande mobilização da sociedade com casos de maus-tratos tem a ver com os trabalhos de conscientização de Ongs para reduzir o índice de abandono dos bichos de estimação. – É algo histórico. Esse movimento tem crescido por força desses movimentos que procuram conscientizar a população sobre abandono, adoções e os benefícios de se ter um animal de estimação – avalia Lantzman. – Houve um tempo em que o foco era noticiar casos de cachorros mordendo crianças e adultos – completa ele.
Lino, o vira-latas arrastado por cerca de 700m pelo asfalto em uma rua na Paraíba, com um saco plástico na cabeça, ganhou uma tutora e um lar. A agressão foi flagrada por um cinegrafista amador, no mês passado. O homem disse que levaria o cão para o centro de zoonoses para ser sacrificado porque estava doente. Após duas semanas em tratamento para cuidar dos ferimentos, ele teve um final feliz.
Já o cãozinho que teve o focinho decepado continua em tratamento contra uma infecção e anemia em uma clínica na Zona Leste de São Paulo. Ainda não se sabe em qual circunstância ele foi mutilado. Como consegue comer e se recupera bem, foi excluída a possibilidade dele ser sacrificado. Já ganhou até um nome: Chiquinho.
“O homem sempre teve uma relação evidente com os animais. Mas antes era uma relação de trabalho e consumo. Muito recentemente, ele passou a ser visto como parceiro, alguém da família, que está dentro de casa. Passou a criar um vínculo mais emocional. À medida que as condições econômicas melhoraram, o número de pets nos lares aumentaram. Por esta razão, as pessoas se sentem mais chocadas quando um animal sofre maus-tratos”, explica Sandro Caramaschi, professor de Faculdade de Psicologia da Unesp de Bauru.
Fonte: Pernambuco.com

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