A punição aos envolvidos no caso dos cães que foram enterrados vivos em Joinville, em fevereiro, foi cobrada pelos voluntários ligados às entidades de proteção aos animais desde que a morte dos cães foi noticiada. “A demissão era o mínino que poderia ser feito depois daquele ato de crueldade que aconteceu em um espaço público. Esperamos que esse caso sirva de lição e impeça outras atrocidades”, diz Ana Rita Hermes, presidente da Frente de Ação pelos Direitos dos Animais (Frada).
Manifestações de repúdio aos atos de crueldade foram realizadas em frente à Prefeitura e também ao Fórum da cidade. Houve protestos quando o Ministério Público encaminhou o caso a uma vara especial por entender que se trata de um “crime de menor potencial ofensivo”.
A Polícia Civil havia instaurado um inquérito em vez de um termo circunstanciado para que os acusados pudessem ser indiciados criminalmente. “Não queremos que essas pessoas fiquem na cadeia, mas que pelo menos passem por um curso de reabilitação e façam algum tipo de trabalho para a comunidade”, cobra Ana Rita Hermes.
Os maus-tratos na Secretaria Regional do Costa e Silva também reforçaram a necessidade da criação de um centro de bem-estar para os bichos. Há ação do Ministério Público catarinense, ainda sem decisão, cobrando mais estrutura para o atendimento aos animais em Joinville.
Motorista da retroescavadeira é demitido
Acusados ainda respondem na Justiça por crime de maus-tratos. As acusações que pesavam contra o operador de retroescavadeira responsável por enterrar dois cães vivos na Secretaria Regional do Costa e Silva, em Joinville, levaram a Prefeitura a demitir o funcionário. O prefeito Carlito Merrs assinou a exoneração na semana passada, encerrando o processo administrativo que apurava o caso.
A comissão processante entendeu que o servidor cometeu crime contra a administração. O gerente da secretaria regional já havia perdido o cargo. Investigações indicam que ele teria mandado o funcionário sacrificar os cães.
Como o gerente ocupava um cargo comissionado, foi demitido dois dias depois. O caso veio à tona em fevereiro, quando funcionários do PA Norte viram um operário da secretaria amarrar os animais e depois os cobrir de terra com uma retroescavadeira.
Os cães viviam há anos nas ruas do bairro. Eram alimentados por empregados da secretaria e também recebiam atenção de funcionários do PA. Os acusados alegaram que os cães tinham ficado doentes e já estavam mortos. Mas um exame veterinário comprovou que eles estavam saudáveis e morreram por asfixia.
Imagens do circuito interno da Secretaria Regional do Costa e Silva registraram a ação dos ex-funcionários e derrubaram qualquer dúvida sobre as circunstâncias da morte. “Como toda a história de mentira, não conseguiram evitar as contradições e esqueceram de combinar bem os detalhes do crime”, escreveu a delegada Ana Cláudia Pires, no inquérito policial.
Os dois acusados ainda respondem a processo na Justiça pelo crime de maus-tratos contra animais. O caso está no Juizado Especial Criminal e não teve audiência marcada. Mesmo que o processo termine em condenação, os acusados terão o direito de cumprir a pena pagando multa ou prestando serviços sociais.
Fonte: ClickRBS