Ao menos dez tutores de cães que sofreram intoxicação após ingerir petiscos da marca Bassar no estado de São Paulo entraram com ações na Justiça pedindo indenização por danos morais contra a empresa. Das 10 ações, 8 envolvem animais que morreram.
Os valores pedidos variam de R$ 22 mil a R$ 55 mil e inclui as despesas que tiveram no tratamento dos animais. No estado, mais de 35 tutores afirmam que seus cães morreram depois de ter comido petiscos da empresa.
Segundo informações obtidas pelo g1, a Bassar afirma que, atualmente, não tem condições financeiras de arcar com despesas processuais por estar passando por uma grave crise financeira causada pelo fechamento da fábrica da empresa pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Informa, ainda, que teve de demitir 70% dos seus funcionários.
“A corré Bassar, atualmente, não possui condições financeiras para arcar com as custas e despesas processuais, sem prejuízo da sua preservação empresarial e função social, da manutenção de empregados e do cumprimento de suas obrigações perante fornecedores, clientes e fisco. Isso porque, tratando-se a corré Bassar de sociedade empresária de pequeno porte, diversos fatores concomitantes e contemporâneos geraram a abrupta queda do seu faturamento, como a grave crise financeira causada com o seu fechamento pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, demissão de 70% dos seus funcionários, autorização de reabertura (desinterdição) após 45 dias, retirada dos produtos das lojas de todo o país, reembolso de milhares de produtos, descarte de produtos e insumos mesmo sem prova de contaminação”, alegou a defesa em um dos processos.
O g1 não conseguiu contato com a defesa da empresa até a última atualização desta reportagem.
Três marcas de petiscos são investigadas por suspeita de contaminação: Dental Care, Every Day e Petz Snack Cuidado Oral.
Tentativa de acordo
A empresa tentou fazer um acordo na ação da tutora da Hanna, uma spitz alemão que consumiu o petisco Every Day, do Lote 3851, no dia 22 de julho.
“Com vistas a extinguir o presente feito, a corré Bassar, por mera liberalidade, sem qualquer reconhecimento de culpa ou responsabilidade, propôs à autora o pagamento da quantia total de R$ 25 mil. Ocorre que, em razão da contraproposta pela autora no exorbitante e desarrazoado valor de R$ 55 mil não foi possível a concretização de acordo”, afirmou no processo a defesa da Bassar.
Nos autos, o advogado da tutora disse que o namorado dela comprou petiscos para os dois animais da vítima, Hanna e Harry, mas somente Hanna comeu. Na mesma noite, ela começou a passar mal e a vomitar.
Após orientação telefônica de urgência dada pela veterinária da cadela, a autora deu Buscopam e Luftal para o animal. No dia seguinte, ela teve uma piora no quadro e foi levada para um hospital veterinário. Os primeiros exames realizados apontaram alterações graves na saúde do animal, e ele foi internado.
Hannah passou por procedimento para colocar um tubo esofágico para alimentação. Foram realizados exames que apontaram anemia não regenerativa, pancreatite e peritonite. A tutora de Hanna conta ter gasto cerca de R$ 10 mil com o tratamento. A cadela faz parte do grupo de animais que resistiram à intoxicação.
Investigação
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP) informou que, até o momento, a Delegacia de Investigações sobre Infrações Contra o Meio Ambiente (DICMA) de Guarulhos, na Grande São Paulo, anexou 22 ocorrências no inquérito policial do caso, e as demais ainda estão nas unidades e serão encaminhadas posteriormente à unidade especializada.
Disse também que os laudos periciais estão em elaboração e, assim que finalizados, serão analisados pela autoridade policial para auxiliar no esclarecimento dos fatos.
Os representantes das empresas envolvidas já foram ouvidos. “Os laudos periciais estão em elaboração e, assim que finalizados, serão analisados pela autoridade policial para auxiliar no esclarecimento dos fatos.”