“Quem gosta da causa faz de tudo por uma animal que necessita”, essa foi a declaração de Marius Belluci, veterinário e chefe do Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) do Ibama/AL, um dos responsavél pela reconstrução do casco de uma cágado que havia sido resgatado pelo órgão no ano passado depois de ter sido atropelado.
De acordo com Belluci, o cágado cabeçudo (Bufocephala vanderhaegei), espécie comum no Nordeste, havia chegado ao Ibama em estado crítico, possivelmente por ter sido atropelado.
“Quando ele chegou ao Cetas apresentava várias fraturas na carapaça [como é chamado a parte de cima do casco]. Ele tinha uma fratura profunda na parte de cima e outra fratura na carapaça próximo a cabeça, onde parte da carapaça estava pendurada, bem solta”, explicou o veterinário.
Os veterinários e biólogos do Cetas trataram a desinfecção da ferida, entraram com antibióticos e recuperaram o animal, clinicamente.
“Esse animal tem hábitos aquáticos e não dava para retornar ele para a água do jeito que ele tava, então nós o mantivemos alimentado numa caixa”, disse Marius.
Segundo Belluci, nada mais poderia ser feito pelo animal, que viveria para o resto da sua vida, daquela maneira. Contudo, em uma conversa informal com um dos biólogos do Cetas, Marius esplanou uma idéia que havia tido que, se houvesse recursos, poderia normalizar um pouco a vida do animal.
“Comentando com um biólogo que trabalha com a gente, que tem o pai dentista, eu falei como seria o procedimento, se a gente tivesse o recurso necessário para fazer, que seria remover a parte destruída da carapaça, fechar aquilo ali com uma resina alto polimerizada de dentadura. Aí ele conversou com o pai dele que se interessou em doar o material pra gente”, explicou Marius.
De acordo com o veterinário, a idéia experimental não deu certo na primeira tentativa, pois o material não foi o suficiente para fechar toda a carapaça do animal. Contudo, o dentista que havia feito a primeira doação, se dispôs a finalizar o trabalho e o cágado foi encaminhado ao tratamento.
“Esse biólogo, que trabalha conosco, levou o animal até o seu pai e ele completou o serviço na área que estava aberta, passou os fios de aço na parte da frente para dar sustentação, fez o molde da carapaça no formato que seria o original e depois ainda e poliu a carapaça toda. O animal ficou com o formato original dele”, explicou o veterinário.
Dentro de duas semanas após o tratamente, o animal pode se colocado no tanque de água, junto com os demais animais aquáticos, e agora tem a vida mais normalizada. Porém, segundo Belluci, o cagádo não poderá ser devolvido a natureza, já que não é garantido que a estrutura continue firme para sempre.
“Essa resina não tem a mesma consistência da estrutura osséa do cágado, então, é arriscado eu devolver ele a natureza e daqui a um mês, 10 anos, 15 anos, aquilo ali cair. Até porque embora o crescimento seja muito pequeno, existe um crescimento e esse pode abalar aquela estrutura e voltar a cair. Então é um animal que deve permanecer em cativeiro”, lamentou.
O chefe do Centro de Triagem do Ibama/AL tem o interesse de encaminhar o animal à uma instituição que tenha condições e infraestrutura necessária para manter esse animal especial.
“De preferência, eu cgostaria de encaminhá-lo a uma zoologico, por que tem que ter a infraestrutura necessária para qundo a estrutura cair ou se abalar poder ser restaurada novamente”, explicou Belluci. “Mas como em Alagoas só existe criadouros conservacionistas, e nenhum deles apresente condições para manter esse animal, ele vai ficar por aqui. Mas estou procurando um zoologico que aceite recebê-lo”, afirmou.
Você sabe qual a diferença entre cágado, jabuti e tartaruga?
Poucos sabem à difenrença, mas segundo o veterinário do Ibama/AlL, elas existem e são facéis de serem compreendidas.
“Cada lugar, a pessoas chama de uma coisa, mas a gente [especialistas] tem uma convenção para não ficar louco”, explicou Marius Belluci.
De acordo com o chefe do Centro de triagem do Ibama/AL, a diferença está básicamente no ambiente em que o animal vive e a estrutura do seu casco. Ainda segundo ele, há raras exceções.
“As tartarugas, em sua maioria, são vivem no mar, mas existem às de água doce. Elas não tem hábitos terrestres”, explicou Belluci afirmando esse ser uns dos pontos que as diferenciam dos cagados que são animais semi-aquáticos, já que os mesmo dividem seu tempo entre a terra e a água doce.
A estrutura do casco também pode ser uma característica que a distingua do cagádo, assim como a capacidade que o animal tem de esconder a cabeça dentro do casco.
“O casco da tartaruga é mais alto, o dos cagádos é mais achatado e esses também apresentam o pescoço mais longo”, explicou. “Outra diferença importante entre esses dois animal é o tamanho, as tartarugas são bem amiores que os cagádos, que chegam a no máximo 35 cm”, disse Belluci. “E a tartaruga apresenta as patas posteriores bem afinadas, como nadadeiras”, finalizou.
Segudno Marius, no caso do Jabuti a diferença é bem simples, pois esses são animais terrestres. “Água não é com ele”.
Fonte: Primeira Edição