Foto: Fábio Donegá/Estadão / Estadão
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A reportagem do Estadão visitou Rio Bonito do Iguaçu depois dos ventos fortes que destruíram casas e causaram a morte de ao menos seis pessoas.
Entre os escombros e o silêncio que tomou conta do bairro Cohapar, em Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, um casal voltou neste domingo (9/11), ao local onde ficava a casa que moravam há apenas três dias. O imóvel, alugado pouco antes do tornado que devastou a cidade, foi completamente destruído.
Nas imagens gravadas no dia da mudança, o cenário era outro: a casa simples, mas organizada, com móveis prontos para serem colocados e o início de uma nova fase. Hoje, está tudo destruído, restam apenas destroços.
Durante o temporal, a família se abrigou no banheiro, o único cômodo que resistiu à força do vento. Foi ali que eles ficaram até o resgate. “A gente só pensava em sobreviver, não dava tempo de nada”, contou Ronaldo Silva, ainda emocionado.
Logo após o tornado, ele e a esposa Laudiceia dos Santos conseguiram encontrar um dos três gatos, a Esmeralda, que estava assustada e saiu ilesa. No dia seguinte, retornaram e localizaram o irmãozinho dela, o Bob, escondido entre os entulhos.
Desde a noite do desastre, a família está acolhida na Casa de Líderes da Igreja Católica em Laranjeiras do Sul.
Neste domingo, Ronaldo e Laudiceia voltaram mais uma vez ao local em busca de Amora, a gata mais velha e mãe dos outros dois felinos. Mas quem apareceu foram os cães Tufão e Negão, visivelmente felizes em ver os tutores.
Com esperança e cuidado, o casal vasculhou os restos do terreno, chamando a gata entre os escombros. “A gente ainda acredita que vai encontrar Amora. Ela sempre volta para casa”, disse a moradora.
Em meio às perdas, o reencontro com os animais se tornou um gesto de esperança, um pequeno alívio diante da imensidão da tragédia.
No começo da noite de sexta-feira, 7, um tornado de mais de 250 km/h – apontado como o mais devastador da história recente do Estado– destruiu boa parte da cidade, deixando ao menos seis mortos, mais de 800 feridos e um rastro de destruição.
Segundo a Defesa Civil, cerca de quatro mil pessoas, da cidade de 13 mil habitantes, foram atingidas direta ou indiretamente pelo tornado. É praticamente toda a população urbana, que sofreu com casas destruídas ou destelhadas, ou com falta de energia elétrica, de água e de mantimentos.
Empresas também sofreram danos, somando ao drama da moradia um medo de futuro pelos empregos e pela própria sobrevivência financeira da cidade.
Funcionários da prefeitura, movimentos sociais, universidades, voluntários de Rio Bonito e dos municípios do entorno, equipes de bombeiros, Defesa Civil e outros órgãos do governo trabalharam desde a noite de sexta, ao longo de todo o fim de semana, para resgatar, acolher e começar a reconstruir.
“Graças a Deus o povo brasileiro é muito solidário”, afirma a diretora de Cultura de Rio Bonito, Daiane Oliveira, que trabalhava na distribuição de alimentos durante o sábado.
Fonte: Estadão