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PROTETORES

Casal que se conheceu ao resgatar cadela teme interromper cuidados com animais em situação de rua devido à problemas de saúde

Jair Ribeiro, de 78 anos, foi diagnosticado com hérnia inguinal. Os sintomas da doença estão afetando a rotina do homem, que tem sob sua responsabilidade mais de 40 animais entre cães e gatos.

21 de julho de 2025
5 min. de leitura
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Foto: Reprodução/ Arquivo Pessoal

O trabalho voluntário de um casal de idosos que resgata animais em situação de rua em Araçoiaba da Serra (SP) corre risco de não ter continuidade por causa de problemas de saúde.

Jair Ribeiro, de 78 anos, foi diagnosticado há aproximadamente dois meses com uma hérnia inguinal. Os sintomas da doença estão afetando a rotina do homem, que tem sob sua responsabilidade mais de 40 animais entre cães e gatos. Para tratar o problema, a recomendação é de que ele passe por cirurgia.

“Desde a minha infância, sempre gostei dos animais, mas o amor se prevaleceu quando eu me aposentei por invalidez em 2004 devido a um problema na coluna, e aí eu comecei a dar mais atenção aos animais. Eu tinha mais tempo porque antes eu trabalhava muito. Comecei a recolher alguns em situação muito difícil, atropelado, doente. Mesmo às vezes eu não tendo condição, eu os recolhia. Mas, graças a Deus, conforme eu ia recolhendo, dando vida a eles, também fui ganhando vida”, afirma Jair.

Há aproximadamente nove anos, Jair ganhou uma companheira para dividir a missão de proteger os animais, a esposa Marina Yamashita, de 59 anos. E foi justamente uma cadela que desempenhou o papel de “cupido” nessa história de amor.”

“Meu padrasto sempre amou cães e já tinha vários quando conheceu minha mãe. Daí um dia, na nossa antiga casa, apareceu uma cachorrinha e a gente começou a cuidar na frente de casa mesmo. Ele morava no mesmo bairro, passou na frente e se propôs a dar abrigo para ela na chácara dele. Só que a cachorrinha ficava fugindo e voltando para a nossa casa. Nisso, eles começaram a conversar, manter contato e aí o namoro começou”, relembra a filha de Marina, Daniela Yamashita.

Marina não se apaixonou apenas por Jair, mas também pelos seus cães e abraçou a causa do companheiro.

A cadela Lady Cissa, responsável por unir Jair e Marina, se tornou praticamente o símbolo do trabalho de resgate iniciado pelo idoso que, no começo, jamais imaginou no que seu projeto se transformaria. Lady Cissa, tratada como filha pelo casal, morreu em 2023, vítima de um tumor no aparelho digestivo.

“Já se vão 20 anos fazendo isso, não sei quantos animais tirei da rua nesse período. Acredito que uns 300 ou mais que consegui tirar da rua, cuidar e doar. Sempre cuidando deles, doentes, atropelados, velhos. Sempre dei um jeito de cuidar deles e até hoje sinto muito por eles. Quando eu posso, recolho sem pensar duas vezes”, afirma o aposentado.

Foto: Arquivo Pessoal

Apesar de não medir esforços para acolher e cuidar dos cães, a saúde fragilizada e a necessidade de uma cirurgia têm feito Jair temer pelo futuro dos 42 animais que hoje dependem quase exclusivamente de seus cuidados diários.

“Estou com dificuldade para andar, problemas nas pernas, a hérnia na virilha que causa dores. Atualmente, estamos com 35 cães e sete gatos em casa. Destes, quatro cães são filhotes maravilhosos de uma mãe que foi jogada fora, achamos ela durante um temporal e recolhemos. Ela teve problema sério, precisou fazer cesárea. Nasceram seis, perdemos dois no dia seguinte, agora temos dois que estão mais fraquinhos e dois que estão bem. Peço a Deus que me dê força e saúde para continuar essa missão. Eu e minha parceira maravilhosa, a Marina, que é meu braço direito, esquerdo, é o centro de tudo”, desabafa o protetor.

Campanha para pagar tratamento

A família criou uma campanha na internet para ajudar a custear a possível cirurgia e o tratamento do idoso, além de assegurar que os cuidados com os animais que vivem com o casal não sejam interrompidos.

“Para fazer a cirurgia pelo SUS [Sistema Único de Saúde] pode demorar até dois anos. Nós queremos tentar pagar a cirurgia no particular, mas mesmo que não seja possível, queremos pelo menos pagar consultas e exames para acelerar o processo. A aposentadoria dos dois vai quase toda nos custos com os animais”, justifica a filha.

O abrigo também divulga os cuidados com os animais acolhidos em uma página nas redes sociais, onde também estão as informações para ajudá-lo na campanha.

Fonte: g1

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