Um casal procurou outra casa para morar após decidir adotar um cachorro que, inicialmente, havia ficado com a dupla em condição de lar temporário. Cibelle Balta, de 24 anos, e seu namorado levaram o cão para casa na intenção de abrigá-lo até que ele encontrasse um adotante, o que eles não imaginavam era que a casa deles seria o novo lar definitivo de Babão, como é chamado o cão.
A história do cachorro é semelhante a de Duke. Em 2019, os dois foram resgatados em Mato Grosso do Sul em uma fazenda junto de outros 38 cães, todos vítimas de maus-tratos. Ambos foram levados para lares temporários e acabaram sendo adotados pelas famílias que, num primeiro momento, cogitavam apenas abrigá-los por um tempo.
“No início era só um lar temporário, mas o Babão conquistou a todos, e entendeu que não queria mais voltar pra onde estava”, disse Cibelle ao Jornal Midiamax. “Ele ficou agressivo com outras pessoas, não deixa ninguém chegar perto se não for eu ou o pai dele, por medo de levarem ele de volta para o que vivia antes”, completou.
Voluntária da ONG Abrigo dos Bichos há dois anos, Cibelle e seu namorado procuraram uma nova casa para morar para que pudessem acolher Babão. “Nós dois morávamos em um sobrado com outro casal de protetores e não cabia um cão no local”, explicou.
O mesmo aconteceu com a tutora de Duke. No começo, a administradora Jaqueline Amazonas, de 34 anos, planejava apenas abrigar o cachorro temporariamente, mas os planos se transformaram. “Ele era muito medroso no começo. Mas aos poucos, com carinho, fomos mostrando a ele que a gente aqui de casa não era o mesmo tipo de ‘ser humano’ que ele tinha conhecido”, disse a tutora que teve seu coração conquistado pelo cão que, com o tempo, recuperou-se dos traumas e se mostrou um animal alegre e brincalhão. “O melhor amigo da minha filha de 4 anos. Brincam de pega-pega, parecem duas crianças”, contou.
“É muito satisfatório poder proporcionar uma vida nova, com mais amor e carinho. Nunca comprei um animal. Sempre adotei. E eles parecem que nos retribuem com tamanho amor e lealdade que é até difícil explicar”, completou.
Cibelle concorda. Para ela, não há como mensurar o quão bom é adotar um animal que foi vítima de maus-tratos ou abandono. “Não existem palavras pra descrever, ter todos os dias a companhia de um ser que teve todos os motivos do mundo pra desistir, e seguiu acreditando na humanidade”, afirmou.
Maior parte dos cães encontrou novos lares
Um ano e oito meses após serem resgatados, 32 dos 40 cachorros que sofriam na fazenda às margens da MS-040 tiveram a chance de reconstruir suas vidas em novos lares. Isso porque uma decisão judicial concedeu a guarda de todos eles à ONG Abrigo dos Bichos, que finalmente pôde disponibilizá-los para adoção responsável.
Há, no entanto, outros dois processos em tramitação na Justiça por meio dos quais a entidade pede o ressarcimento do valor utilizado no tratamento ofertado aos animais. Foram mais de R$ 84 mil investidos.