Uma casa no bairro do Janga, em Paulista, Região Metropolitana do Recife, recebe novos moradores há alguns anos, na época de Natal. Um casal de passarinhos da espécie conhecida como Cibiti encontrou na árvore de Natal da família Nascimento um lugar confortável e tranquilo para ter suas crias, a cada ano.
Este ano, o ninho começou a ser construído no dia 19 de novembro. Todos os dias, por volta das 16h30, a ave entra na sala, vai para o ninho e só vai embora no outro dia de manhã. De acordo com o biólogo Severino Mendes (foto 5), essa espécie se adapta facilmente à cidade. Ele explicou que os cibitis estão no período de reprodução e, a esta altura, a fêmea já deve ter posto os ovos, que podem ser de dois a quatro.
Severino acredita que o casal gostou do verde e da proteção que a árvore oferece, por isso voltam todos os anos. “A estrutura bem fechadinha e a quantidade de galhos artificiais foram alguns dos atrativos”, diz. Segundo o biólogo, a casinha é composta por vários materiais: “Tem cordão, linha de costura, fio de cabelo, pedaço de papel… O que ele encontrar, ele leva para fazer a construção”.
Os donos da casa têm fotos do ninho construído no ano passado, quando os passarinhos só foram embora depois do Carnaval, com os filhotes crescidos.
Os cibitis podem construir outros ninhos neste mesmo local pelos próximos dez anos. Mas a família Nascimento não se incomoda nem um pouco com o visitante. Pelo contrário: eles até mudaram a rotina da casa para não prejudicar as aves.
Keyce Nascimento, bacharel em Direito, conta como a vida na casa foi modificada com a chegada das aves. “Quando a gente chega no meio da sala, se eles estão chegando e nos veem, eles voltam. Então quando a gente vê que eles estão na área, muda o caminho, passa por fora da casa, diz. “Eu já não tenho mais direito a nada. Minha menina fica pedindo silêncio, mandando falar baixo”, afirma a dona de casa Clécia Alves do Nascimento.
Nesta casa, a data para desmontar a árvore de Natal não é o tradicional Dia de Reis, 6 de janeiro. “Nos últimos anos passaram ano novo, Carnaval. Ia chegando o meio de março quando eles foram embora. As pessoas chegavam e achavam estranho porque a árvore de Natal ainda estava montada em janeiro, fevereiro, na época já de Carnaval. A gente tem que explicar, mas eles compreendem. Para a gente é a felicidade”, diz Keyce.
Fonte: pe 360 graus