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LIBERDADE

Casal de antas resgatado é reintroduzido no Rio de Janeiro; espécie estava extinta no estado desde 2017

14 de novembro de 2022
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Foto: Tatiana Horta

Há 11 anos um macho de anta saía de um zoológico para ganhar uma vida nova no Centro de Conservação da Fauna Silvestre (CCFS), de Ilha Solteira (SP). Mal sabia o animal, apelidado de Jequitibá, que mais de uma década depois teria a chance de ser reintroduzido para viver livre na Mata Atlântica.

Outra “sortuda” foi uma fêmea chamada Aurora, vítima de queimadas no Mato Grosso do Sul em 2020, que foi levada em situação crítica ao Centro no ano passado para se recuperar.

Em ambos os casos, de maneiras diferentes de acordo com as necessidades dos indivíduos, foi necessário uma força tarefa de uma equipe multidisciplinar composta, entre outros especialistas, de biólogos e veterinários, para reabilitar os animais. A fêmea, por exemplo, precisou até de ozonioterapia para cicatrizar os ferimentos causados pelo fogo.

Atualmente, o CCFS de Ilha Solteira possui um plantel com cerca de 350 animais silvestres, pertencentes a mais de 50 espécies entre pássaros, répteis e mamíferos podendo ocorrer pequenas variações diárias dessas quantidades.

Até então três antas vivam no centro, dois machos e a fêmea. “Esse casal foi escolhido por apresentar condições físicas e sanitárias necessárias para entrarem em projetos de reintrodução. Estimamos que o macho tenha 12 anos e a fêmea entre três e cinco anos de idade, sendo que eles nunca se reproduziram no cativeiro”, explica Simone Leite dos Santos, do time de meio ambiente Ctg Brasil, que junto da Ecologic, Instituto de Ação Socioambiental, Refauna, Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) e Reserva Ecológica de Guapiaçu (REGUA) realizaram a operação de soltura dos animais.

“Todos os animais que são preparados para reintrodução passam pelo estágio de semi-cativeiro, que auxilia na sua ambientação com o local de soltura”, acrescenta Giulius Cesare, diretor da Ecologic, empresa responsável pela gestão dos animais do CCFS de Ilha Solteira.

No final de agosto, depois de muito preparo e vários treinamentos, o casal foi transportado da cidade no interior de São Paulo até a Reserva Ecológica de Guapiaçu (REGUA), em Cachoeiras de Macacu, no Rio de Janeiro afinal, até 2017, a anta estava extinta no estado.

“O casal de antas foi transportado por veículo especial (caminhão equipado com caixas de transportes) por mais de mil quilômetros. Mais de 25 profissionais foram envolvidos na operação de manejo, transporte e reintrodução do casal de antas. Os animais chegaram no destino no dia 31/08/22 e foram alocadas em um recinto conhecido como semicativeiro, um piquete fechado na área de mata”, esclarece Simone.

Essa etapa durou pouco mais de dois meses para garantir que as antas estavam prontas para a soltura final.

“Durante dois meses e meio, os indivíduos ficaram em um cercado de aclimatação, uma área cercada no meio da floresta, para que se habituassem ao seu novo lar. Ao longo desse período, diariamente um tratador acompanhava essas antas, oferecendo suplementação alimentar, ou seja, alimentos que estavam acostumados a comer quando estavam em cativeiro, a fim de garantir que estivessem bem alimentados e em boas condições de saúde para a soltura”, esclarece Natalia Barros, analista de biodiversidade do Instituto de Ação Socioambiental.

De acordo com a pesquisadora, as antas também passaram por novos exames para garantir que continuavam saudáveis e também receberam brincos de identificação e colares de telemetria, que irão auxiliar no monitoramento desses animais em vida livre.

No último sábado (12/11) Jequitibá e Aurora foram soltos e agora vivem livres no bioma que, aos poucos, vai voltando a ser um lar para a espécie.

“Agora, Aurora e Jequitibá, já acostumados com a floresta de Cachoeiras de Macacu e com seus colares, saem do cercado de aclimatação e passam a compor a população de antas da região, auxiliando na dispersão de sementes e regeneração da floresta. O verdadeiro papel de uma jardineira”, finaliza Barros.

Veja o vídeo:

Fonte: G1

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