Nos últimos dois anos, uma mistura de sons cortava o silêncio nas madrugadas na rua Miranda Guerra, no Jardim Petrópolis, área nobre na zona sul de São Paulo.
As cantorias e os batuques ritmados dos atabaque eram misturados ao balir de cabras, ao bodejar de bodes, ao roncar de porcos e ao cacarejar de galinhas. A barulheira só acabava entre as 3h e as 4h, quando se encerravam os cultos de quimbanda (uma religião afro-brasileira) realizados em um casarão, de 522 m2 e avaliado em R$ 2,5 milhões.
No local, dizem vizinhos e membros de associações de moradores, havia o sacrifício constante de animais. Até os lixeiros com quem a reportagem conversou reclamaram dos restos mortais que tinham de recolher quase todos os dias.
Conforme os vizinhos, entre 20 e 50 pessoas se reuniam em cada culto. Na última terça-feira, fiscais da subprefeitura lacraram o imóvel com blocos de concreto na entrada. “Identificamos que havia atividade religiosa em área estritamente residencial, o que é proibido”, disse o supervisor interino da Subprefeitura de Santo Amaro, Rogério Alves.
Desde o ano passado, ao menos seis multas – totalizando quase R$ 30 mil – foram emitidas para o dono do imóvel, Radyr Pontes.
Fonte: Diário do Pará