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GUARATINGUETÁ (SP)

Carteiro faz amizade com cães no trabalho e ajuda no resgate de animais abandonados

10 de dezembro de 2024
4 min. de leitura
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Foto: Arquivo pessoal/Angelo Cristiano

Uma paixão nutrida desde pequeno pelos animais domésticos. Foi assim que começou a relação do carteiro Angelo Cristiano da Silva com os animais que encontrou ao longo da sua jornada na profissão, em Guaratinguetá, no interior de São Paulo.

Atuando na função desde 2013, ele conta que percorre cerca de 10 km por dia entregando as correspondências. No meio do caminho, porém, sempre tem pausas para atenção aos animais.

“Para eu ter um dia de trabalho mais tranquilo, eu comecei a fazer do meu trabalho esse contato mais próximo, de conquistar a amizade deles (animais), a confiança, porque aí eles já não vão me receber com latidos, aquele barulho, aquela vontade de ‘acabar com o carteiro’”, explicou Angelo.

Segundo ele, a paixão pelos animais contribuiu para essa relação. Tudo isso veio da infância, com a relação dos pais junto aos animais.

“Esse meu contato com os animais já é desde pequeno, é de criança, mas eu lembro que os meus pais só tinham um cachorro dentro de casa. Amor pelo cachorrinho já era desde pequenininho. A gente vai crescendo, vai criando aquele vínculo”, disse.

O vínculo foi tão grande que, em 2018, ele resolveu passar a compartilhar as fotos que tirava com os animaizinhos pelas ruas e casas. Os posts começaram a viralizar e, atualmente, em uma das redes sociais, ele acumula quase 100 mil seguidores.

“Eu comecei a registrar essas fotos, vídeos, só que eu compartilhava só na minha página pessoal. Aí um dia um amigo deu uma luz assim, parar criar uma página. Coloquei o nome ‘Carteiro Amigo dos Animais’”, relembrou.

Segundo ele, quase 100% dos comentários são positivos, elogiando o ato dele junto aos animais. Nas redes sociais, além dos registros diários, ele também passou a utilizar a página como instrumento de ajuda no resgate de outros animais.

Com isso, ele firmou uma parceria com uma clínica veterinária de um médico que se tornou seu grande amigo — o médico veterinário Meikhol Fischer, que morreu em fevereiro deste ano.

“Eu fechei uma parceria na clínica, onde o veterinário era um excelente profissional. Infelizmente, a gente perdeu ele neste ano. A gente já tinha uma parceria de 5 anos, foram centenas de animais que a gente chegou a ajudar. Muitos animais mesmo. Ele era um ‘parceirão’, médico veterinário, extremamente profissional”, disse Angelo.

A parceria entre os dois, segundo o carteiro, ajudou no resgate de centenas de cachorros e gatos, além de um investimento de cerca de R$ 265 mil para salvar a vida desses animais — com todas as contas prestadas nas redes sociais de Angelo, por meio de doações.

Entre os animais resgatados, o que mais marcou a vida de Angelo foi o do cachorro ‘Rajado’, que foi adotado pelo carteiro.

Ao g1, ele explicou que o animal foi resgatado por uma seguidora, com um ferimento grande na coxa. A mulher era moradora de uma cidade vizinha e não conseguia achar alguém que pudesse ajudar o animal. Foi aí que Angelo e o médico Meikhol se dispuseram a ajudar — isso ocorreu em março de 2019.

“A gente levou ele para a clínica, aí começamos o tratamento com ele. O tratamento dele durou uns 5 a 6 meses. Foi uma luta para salvar esse cachorro”, recordou.

Foto: Arquivo pessoal/Angelo Cristiano

Depois do tratamento, a antiga tutora contou a Angelo que não poderia ficar com o animal. Foi onde o carteiro resolveu adotá-lo.

“Falei pra ela: ‘Traz ele aqui pra mim, pelo menos deixe ele aqui em casa comigo’. Na época só tinha um cachorro. Aí ela fez isso: levou para a minha casa, e da minha casa não saiu mais. Aí eu acabei ficando com ele”.

De acordo com Angelo, em 11 anos de profissão e contato com os animais, ele nunca foi mordido. Ele acredita que a relação mais próxima com os animais ajuda a desconstruir a imagem de que os animais não gostam dos carteiros.

“O cachorro está ali dentro do lar dele para proteger a residência, o ambiente dele. Até ele entender que a gente não está indo para maltratar ou fazer algo para a família, aquele ambiente dele, ele leva um tempo para digerir tudo isso”, finalizou.

Fonte: G1

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