Por Camila Arvoredo (da Redação)
Segundo o jornal inglês “The Telegraph”, ambientalistas italianos agitaram-se após descobrirem que durante um festival gourmet realizado no norte da Itália foi servido um “goulash” de carne de urso para alguns convidados.
Autoridades do norte de Bolzano, no noroeste da Itália, abriram um inquérito policial depois de descobrirem que a carne de um urso marrom europeu foi servida durante um festival no centro de Merano, no mês passado.
Ele foi cozido durante seis horas antes de ser servido com polenta. O prato obviamente incomodou fortemente ativistas dos direitos animais.
O urso marrom europeu é uma espécie protegida na Itália e tanto caçá-lo, como obviamente comê-lo é proibido.
O “goulash” foi servido pelo chefe de cozinha esloveno Tomaz Kavcic.
A carne foi obtida de um urso morto na Eslovênia, segundo alegações do festival: “o urso foi morto de maneira correta, por uma organização reconhecida e que é especializada na tarefa”, alega friamente Helmut Kocher, um dos organizadores do evento. Mas as autoridades italianas acreditam que ela tenha sido importada.
Merano é uma região Sud Tirol/Alto Adige da Itália, cujos habitantes falam alemão. Nesta cidade concentra-se uma cultura com forte apetite por cardápios “exóticos” (o atributo mais apropriado para todo alimento que deriva do assassinato seria “cruel”), como cervos, javalis e veados montanheses.
Milhões de euros foram gastos pela Itália para introduzir ursos da Eslovênia em seu território, com a esperança de se restabelecer uma população viável da espécie, depois que a maior parte dela foi varrida pelos caçadores e fazendeiros.
Estima-se que exista pouco mais do que 400 ursos selvagens vivendo na Eslovênia e, junto com os lobos, eles são alvo de uma caçada anual. As caçadas provocam protestos por parte dos eslovenos e dos grupos defensores da vida selvagem exteriores que afirmam que a quota vai além do limite.
Nota da Redação: Da mesma forma que não faria sentido se nós, da espécie humana, existíssemos para servir de alimento a alguma outra espécie, após sermos cruelmente mortos, todos os animais também (sabidamente) possuem o direito à vida. Se esse direito lhes é tomado, independentemente da espécie à qual eles pertencem, e se estão ou não em extinção, ao praticar essa violação, estamos desrespeitando as leis da natureza e, portanto, admitindo que o mesmo possa ser feito conosco. No próximo cardápio, uma espécie que (ainda) não está em extinção: o ser humano. Que tal? Admitir que é nosso direito matar seres vivos para servirem de alimento (seja urso, cachorro, porco ou boi) é admitir que nós, por compartilharmos dos mesmos direitos, podemos também ser vítimas desse destino. Ou aprendemos o respeito, ou nos sujeitaremos, mais cedo ou mais tarde, ao mesmo sofrimento que causamos.