Naquela casa moravam cerca de quinze pessoas entre primos filhos tios netos e avô, além do Thor o cãozinho comprado por um deles.
Viviam da aposentadoria do mais velho e somente o Miguel saia cedo para trabalhar.
Antes porem afagava a cabeça do Thor que preso na corrente junto a sua casinha feliz ficava.
Miguel era alcoólatra e trabalhava em uma industria, a marmita que levava todo dia, voltava intacta, não comia por conta da bebida, e antes de entrar na casa dava a comida para o Thor, que parecia esperar por ela.
Estranhava o pobre cão acorrentado comer feliz, já que tantas pessoas ficavam na casa e certamente o alimentavam, pensava ele.
Miguel quando bêbado isolava-se dentro de si, recolhia-se a suas dores e silêncio, mas brincava com o Thor mesmo amarrado, pois era proibido de soltá-lo.
Um dia chegou em casa e o caminhão da mudança estava na porta, todos iriam embora, voltariam para o norte do país e o deixariam sozinho na casa.
Até o Thor estava no caminhão, que ao se colocar em movimento, pulou e correndo se atirou nos braços do triste Miguel, sim, uma cena de cinema.
E lambendo sua face, foi como também falasse:
– A comida que você me dá, é a única que me alimenta, a água do seu cantil é a única que ganho durante todo o dia e o seu carinho sincero é o único que conheço.
E assim ficaram os dois, somente os dois naquela casa.
Agora o Thor poderia circular livre por toda ela, ganhaste até uma cama só pra ele.
Miguel parou de beber porque tinha motivo agora para viver, um verdadeiro motivo para voltar pra casa, tinha quem o amava feliz a lhe esperar.