O Arcebispo de Santiago do Chile, cardeal Fernando Chomalí, anunciou a realização de uma missa em homenagem a São Francisco de Assis e ao Dia Mundial dos Animais, marcada para este sábado (04/10). Durante a celebração, que será transmitida pelo Zoom, Facebook e YouTube, famílias poderão apresentar seus animais domésticos para receber uma bênção especial.
A iniciativa abre espaço dentro da tradição religiosa para valorizar a vida dos animais, muitas vezes explorados ou tratados como objetos. Em um mundo que ainda enfrenta o especismo, a atitude do cardeal é uma mensagem de respeito e dignidade.
Ao abençoar publicamente cães, gatos, aves e tantos outros animais, a Igreja mostra que essas vidas possuem valor intrínseco perante Deus e a sociedade.
A data não foi escolhida por acaso, já que no dia 4 de outubro é celebrado São Francisco de Assis (1181-1226), uma das figuras mais amadas do catolicismo e um pioneiro no olhar de reverência direcionado à natureza. Francisco não enxergava os animais como uma hierarquia a ser dominada, mas como uma fraternidade universal. Seu “Cântico das Criaturas”, no qual louvava o “Irmão Sol” e a “Irmã Lua”, é considerado um dos primeiros e mais belos hinos ecologistas.
As histórias sobre sua relação com os animais são lendárias. Religiosos contam que ele pregava para os pássaros, que acalmou um lobo feroz na cidade de Gubbio e que tratava todos os seres vivos com um respeito que chocava seus contemporâneos. Para Francisco, os animais não eram “coisas” ou recursos, mas irmãos e irmãs, parte integrante da mesma rede sagrada da vida.
Sua visão revolucionária prega a fraternidade cósmica, um conceito que ressoa fortemente com os princípios modernos dos direitos animais, que defendem que os interesses dos animais merecem igual consideração, independentemente de sua utilidade para os humanos.
Um gesto de espiritualidade e responsabilidade
A missa proposta pelo cardeal resgata esse espírito franciscano ao permitir que animais sejam apresentados e abençoados individualmente. É uma oportunidade para agradecer pela companhia, palavra que sugere reciprocidade e afeto, em vez de posse.
Ao aproximar a fé do cuidado com todas as formas de vida, a celebração também convida à reflexão. Os animais não são meros acessórios, mas seres vivos com interesses próprios, cuja proteção, bem-estar e direitos devem ser responsabilidade de toda a sociedade.
