(da Redação)
Há mais de dez anos, existem relatos de capturas em massa de pombos ocorrendo na cidade de Nova York. Segundo os relatos, uma van costuma estacionar no local, de onde saem alguns homens, os quais jogam sementes para atrair os pombos. Os pássaros então se reúnem para comer as sementes, dando a deixa perfeita aos caçadores, que jogam uma grande rede sobre os animais, capturando-os e levando-os para a van. As informações são do site Washington Square Park Blog.
Os animais capturados costumam ser transportados até o estado da Pensilvânia, onde são vendidos, têm suas asas aparadas e são posteriormente usados como alvos em eventos de tiro esportivo.
Na terça-feira, dia 21 de julho, os pombos da Washington Square Park, na região do Greenwich Village, foram sequestrados dessa mesma maneira, em plena luz do dia. Estima-se que entre 250 e 300 animais foram capturados nesse dia, e um destino terrível os aguarda. O departamento de polícia da cidade de Nova York (NYPD) está investigando o caso.
A ativista Tina Trachtenberg organizou um memorial para os pombos sequestrados do parque. “Não se pode ir até um parque e pegar uma árvore, ou um esquilo. Essas “coisas” não são nossas para pegar,” afirma Trachtenberg. A defensora de animais divulgou o triste episódio em sua página no Facebook, informando as pessoas do terrível destino desses pombos na Pensilvânia.
A captura em Washington Square Park aconteceu por volta das 15h. Uma pessoa identificada apenas como Larry teria presenciado o acontecimento. Larry é um frequentador assíduo do parque e contou a Trachtenberg que o sequestro foi realizado por duas pessoas, que encheram duas grandes redes com os animais.
Trachtenberg se mostrou indignada pela indiferença dos transeuntes. Como essa captura ocorreu durante a tarde, a ativista afirma que centenas de pessoas devem ter presenciado o rapto dos pombos. No passado, defensores de animais já se mobilizaram para que a prática fosse proibida por lei. No estado da Pensilvânia, também é permitido comercializar carne de cão e de gato.
Segundo a ativista, os funcionários que fazem a captura costumam ser bastante explorados pelos estabelecimentos que lucram com o comércio dos pobres pombos, recebendo cerca de dois ou três dólares por cada pombo capturado. Nos eventos de tiro esportivo, o assassinato de um pássaro custa 50 dólares.
Trachtenberg descreve a trajetória dos animais sequestrados. “Assim que são capturados, eles levam os pombos para um lugar no Brooklyn, onde serão enjaulados sem água e sem comida, e ficam obviamente muito estressados. Então, os pássaros são examinados: alguns ficam com uma asa ou pata quebrada por causa da captura. Alguns dias depois, eles são levados para a Pensilvânia, alguns são vendidos como comida, mas a maior parte vai para os eventos de tiro esportivo. Eles aparam as asas dos pombos. A pessoa que atira no pombo paga 50 dólares por cada animal. São pessoas muito ricas e sádicas.”
A entidade defensora de animais SHARK também informou o público sobre o destino dos pombos. “Esses animais inocentes não recebem alimento e nem água durante vários dias antes de os eventos de tiro começarem, para que sejam alvos mais fáceis. Sofrendo de desidratação e passando fome, são lançados de pequenas caixas de madeira em direção a uma alvejada de tiros.”
Segundo a entidade, a maior parte dos pombos morre na hora devido aos ferimentos, mas alguns conseguem escapar e agonizam durante vários dias por conta dos tiros que receberam, antes de morrer dolorosamente.
Outro frequentador do parque, William MacLeod, já chegou a aparecer no New York Times por causa da relação especial que tem com os pombos do Washington Square Park. Ele chegou a ensinar a alguns pombos o caminho até seu apartamento, e os animais respondiam ao seu chamado quando ele caminhava pelo parque, pousando em seus ombros e passeando com ele. Ele conta que sempre soube que havia o risco de um sequestro acontecer. “Normalmente, há cerca de 300 pássaros no parque. Segundo minhas contas, sobraram mais ou menos 30.
“Infelizmente, isso está acontecendo muito na cidade. Eles [os caçadores de pombos] esperam até que não haja ninguém no parque. (…) Larry estava lá, mas eles esperaram até que ele se afastasse. Larry os viu correndo até a van com uma rede. (…) Se questionados, eles costumam responder que ‘trabalham para a cidade’, ou que estão realojando os pássaros.
“No Washington Square Park, costumava haver um ecossistema balanceado. Há aquelas pessoas que alimentam os pombos regularmente, mas isso soma cerca de 20% do alimento que eles consomem. Os outros 80% vêm da grama e de outras sementes e da comida que as pessoas jogam fora. Pássaros como pardais e estorninhos não comem esse tipo de coisa, então o que vai acontecer é que a população de ratos vai aumentar drasticamente,” conta William MacLeod.
MacLeod afirma que há todo tipo de preconceito e desinformação sobre esses animais, por exemplo, quando as pessoas afirmam que eles “carregam doenças” que podem infectar os seres humanos. O amigo de animais destaca o importante papel que os pombos cumpriam na limpeza e manutenção do ambiente do parque, comendo as sobras negligentemente deixadas por seres humanos.
MacLeod havia resgatado e cuidado dos pombos Jaco e Jicky, que tinham acabado de completar oito anos de idade, desde que eles era filhotes de apenas três dias. Os dois animais desapareceram junto com o resto da população do Washington Square Park.
O defensor de animais conta que a melhor maneira de acabar com essa prática hedionda seria uma reforma legislativa no estado da Pensilvânia, proibindo as competições esportivas de tiros que vitimizam esses animais.
A polícia de Nova York e o departamento de parques afirmam estar investigando o ocorrido, com a assistência de defensores de animais.
No sábado, 25 de julho, Tina Trachtenberg (que é amiga de dois dos pombos remanescentes, Dottie e Miranda) organizou um monumento para lembrar os 300 animais cruelmente sequestrados na praça. Ela conta que a reação dos transeuntes foi bem interessante e variada. Houve gente que não se importou nem um pouco, e também aqueles que reconheceram o horror do ocorrido.
Trachtenberg e vários outros defensores de animais pedem que esses animais sejam lembrados e que novas capturas sejam imediatamente denunciadas às autoridades, para que mais nenhum pombo seja vítima desses sequestros.