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Capital abriga 700 espécies da fauna

20 de maio de 2010
3 min. de leitura
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Um casal de onças-pardas está vivendo na capital de São Paulo, confirmou a Prefeitura. Os animais foram fotografados na Área de Proteção Ambiental (APA) Capivari-Monos, no extremo sul da cidade. O achado ocorreu após mais de um ano de investigação de vestígios e do comportamento desses animais.

A descoberta integrará o novo inventário da fauna da capital paulista, que será divulgado no sábado, quando se comemora o Dia Internacional da Biodiversidade. O levantamento da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente chegou a um total de 700 espécies diferentes de animais – 563 vertebrados e 137 invertebrados.

Pela primeira vez também foi possível registrar no município o maior primata das Américas, o muriqui-do-sul ou mono-carvoeiro – que tem quase o dobro do tamanho de um bugio. Mais uma vez, foi a APA Capivari-Monos o local do achado, comprovando sua importância para a preservação.

Para o biólogo Otávio Cafundó, especialista em conservação ambiental, a existência de um casal de onças-pardas no município é fato raro. “Sua presença é um indicador de melhores condições ambientais e sugere atenção para medidas de conservação e proteção.”

Tanto a onça-parda quanto o mono-carvoeiro estão ameaçados de extinção – o primeiro está classificado como vulnerável na lista estadual de espécies em risco; o segundo, como em perigo. No total, há 30 espécies ameaçadas de extinção na lista. Outras 22 estão quase ameaçadas e sobre 13 espécies não há dados suficientes para determinar o grau de ameaça. As aves são o grupo da fauna mais numeroso: 372 espécies. Desse total, 83 novas apareceram no levantamento. Algumas foram identificadas somente pelo som (não foram vistas). O canto era gravado e comparado numa biblioteca digital.

O mapeamento da fauna na capital é feito pela Prefeitura desde 1993 em áreas verdes e continua em andamento. O último inventário publicado, de 2006, analisou 48 locais e encontrou 433 espécies. Dessa vez, foram estudadas 81 áreas e se chegou a um total de 700 espécies. Não é possível falar que houve aumento dos tipos de animais entre um estudo e outro, pois foram avaliados mais lugares nesta etapa e mais técnicos participaram. Entre os novos pontos estão locais na margem da Guarapiranga.

Segundo a coordenadora do levantamento, Anelisa Magalhães, só de borboletas foram listadas mais 125 espécies. “O foco inicialmente era mais vertebrados.” Ela explica que o mapeamento começou em razão da necessidade de conhecer áreas que poderiam receber animais atendidos na divisão de fauna da Prefeitura depois de serem atropelados, por exemplo.

Sua equipe tinha tido contato com vestígios de onça. Em 1994, foram estudar a fazenda Capivari, na zona sul. “Coletamos uma pegada e, duas semanas depois, soubemos que índios tinham caçado e comido o animal. Conseguimos pegar a pele e levar para o Museu de Zoologia. Mas agora foi a primeira vez que onças vivas foram fotografadas.” Elas foram flagradas por armadilhas fotográficas – câmeras fixadas em postinhos de madeira e espalhadas pela mata.

Função – De acordo com Vilma Clarice Geraldi, diretora da divisão de fauna da Prefeitura, a lista ajuda na tomada de decisões, como criar um parque numa área com espécies raras. Outra questão importante para o município é ter uma série histórica – como ocorre com a medição da temperatura. Será possível acompanhar, daqui a 15 anos, o que aconteceu com as espécies observadas hoje.

Na opinião da secretária nacional de Biodiversidade e Florestas, Maria Cecília Wey de Brito, seria interessante se todas as cidades fizessem esse esforço de conhecer suas espécies.

Ameaças – As espécies de São Paulo sofrem com caçadores e com a perda de hábitats (por causa do desmatamento). Para a coordenadora do levantamento de fauna, o adensamento populacional e o trecho sul do Rodoanel também preocupam. E espécies invasoras são fontes de dor de cabeça: o sagui-da-serra-escuro compete por recursos com dois saguis não nativos de São Paulo.

Fonte: Estadão

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