Uma amizade diferente, mas nem por isso menos especial, tem divertido quem passa pela Praça Nova, no Centro de Alegrete, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul: entre uma macaca da espécie bugio e um cachorro sem raça definida.
“A amizade que tem o cachorro com a macaca… Tem gente que se apavora! Que nunca tinha visto na vida um cachorro brincar com uma bugiazinha assim. E ele corre, se deita. E ela agarra e puxa a gola dele”, ri o taxista Paulo Roberto Gonçalves.
Gonçalves trabalha em um ponto de táxi que fica junto à praça – e a macaca, apelidada de Chita, está sempre à volta.
“Ela entra aqui pela janela e só falta atender o telefone”, brinca Flávio Paim, colega de Gonçalves no ponto.
Chita vive nas árvores da Praça Nova, mas, de vez em quando, desce para visitar a casinha de um amigo, um cachorro que é cuidado pelas pessoas dos arredores. A brincadeira entre eles já ganhou até narração especial.
“Ela se dá com todo mundo. Vem aqui no ponto, brinca. Um dia, eu estava tomando chimarrão de manhã aqui no táxi, ela veio e abraçou a minha perna. Depois, eu sentei no banco da praça, ela foi junto comigo e subiu no meu colo”, conta Paim.
Comportamento inusual e perigoso, diz primatóloga
A primatóloga Vanessa Barbisan Fortes conta que qualquer animal silvestre, por mais que pareça manso, tem comportamento imprevisível. Por um motivo qualquer, ele pode se assustar e morder, por exemplo.
“Não é uma relação usual. É uma relação que seria inesperada, provavelmente porque esse cão especificamente é manso. Mas é um risco para o bugio, na verdade, esse tipo de interação, porque, no momento em que ela habituar e passar a identificar o cachorro como um animal não perigoso, ela pode vir a ser atacada por algum outro cão, que é o mais comum”, diz.
Vanessa, que estuda o comportamento de bugios, diz que a Chita encontra nas folhas, flores e frutos da praça os alimentos que precisa para viver.
Ela entende que o bugio é um animal que causa empatia no público, mas, para Chita, o ideal seria que ela estivesse junto de um bando da própria espécie. E faz um alerta para as pessoas que brincam com ela.
“Enquanto ela estiver ali pela praça, vai lá observar, vai tirar fotografia, mas não se aproxima e não tenta alimentar. Essas recomendações são importantes”, explica.
Fonte: G1