Por Fátima Chuecco (da Redação)
Quem acompanhou o caso do cão triturado vivo num caminhão de lixo da cidade de Presidente Figueiredo, bairro Dutra, no Amazonas, em maio, ficará ainda mais estarrecido com essa notícia. O crime foi ainda pior do que imaginamos. O cão chegou vivo ao depósito de lixo porque o caminhão tinha uma prensa e não um triturador. Atenção: alguém consegue mensurar a dor desse cão que, além de ter sido atropelado e estar com duas pernas quebradas, ainda teve o corpo “prensado”, mas mesmo assim não morreu imediatamente?
Pior: o autor do crime, Jadson dos Santos, motorista do caminhão, declarou ao jornal “Extra”, que fez isso porque o cão seria sacrificado de qualquer forma.
Em depoimento ao Extra, Jadson diz: “Só coloquei o cachorro na caçamba porque ele estava muito machucado e morreria. Voltei para ver como tinha ficado o cachorro e, na realidade, vi que tinha estourado ele. As vísceras estavam saindo e ele não ia sobreviver. Fui pegar ele para colocar lá atrás (do caminhão) e coloquei a corrente apenas como uma fonte de segurança para mim”.
E não é tudo. Ele disse também: “Jamais seria capaz de fazer o que estão falando e está repercutindo muito e afetando minha imagem. Causou minha demissão e não peguei o cachorro para triturar. Aquilo nem tritura lixo, só prensa, e na cabine não podia. Só peguei ele para deixar num local adequado que não ficasse no meio da rua para atacar ninguém. Ele estava sem condições. Deixei o cachorro num terreno. Ele não ia sobreviver e com dor qualquer animal fica agressivo”.
No portal Mundo Positivo, matéria assinala que, de acordo com o chefe de polícia daquela cidade, Valnei Silva, o motorista afirmou que jogou o cão dentro do caminhão “como um ato de bondade, porque o animal estava sofrendo muito e precisava ser sacrificado”.
Tradução: ele declara que jogou o animal na caçamba porque o cão estava com muita dor e não iria sobreviver de qualquer forma. Então, ele aumentou a dor do cão jogando-o na prensa e largando-o, ainda mais machucado, num terreno cheio de lixo para morrer. Também disse que o cão machucado ficaria agressivo e poderia atacar as pessoas. A pergunta é: como um cão com duas pernas quebradas e vísceras saindo do corpo poderia atacar alguém? Todos viram que o cão sequer reagiu quando foi acorrentado e arrastado pelo motorista. O olhar do cão só transmitia uma coisa: “Me ajude!”.
E destaque para esse trecho do depoimento de Jadson: “Aquilo nem tritura lixo, só prensa”.
Mas o pior de tudo, de tudo mesmo, foi ele declarar ao jornal Extra que gosta de animais e tem cachorros e gatos em casa. Se a indignação das pessoas perante o crime já era enorme, agora tende a triplicar com esse relato que lembra muito o de outros assassinos de animais. Quem acompanha o caso da Dalva Lina da Silva, que aguarda sentença por ter matado 37 animais com injeção letal que manteve os bichos em sofrimento por 15 a 20 minutos, já ouviu algo parecido. Dalva, em entrevista à Record, disse que ama os animais e se tornou vegetariana por causa deles. Detalhe: um dos animais mortos por Dalva tinha 18 perfurações no peito.
A população brasileira do bem merece ouvir esses absurdos e conviver com esses indivíduos capazes de praticar crueldades sem limite?
O caso do cão triturado vivo, que agora sabemos que passou por um sofrimento ainda mais longo e intenso, foi divulgado até em importantes jornais estrangeiros como o “Daily Mail”, “Daily Mirror” e “Metro”. No portal ANDA a matéria foi acessada por quase 90 mil pessoas e no site R7 compartilhada por mais de 60 mil.
A revolta atingiu até a apresentadora Xuxa que comentou o caso em sua rede social: “Esse cachorrinho, que atravessava a rua, sem mexer com ninguém, teve as patas quebradas, ainda agonizando a dor foi amarrado e puxado pelo pescoço, antes de ser brutalmente assassinado por esse indivíduo, sendo jogado e triturado vivo na caçamba do caminhão de lixo, e esse monstro poderá recorrer de uma multa de 3 mil reais e continuar andando livremente por aí! Vamos deixar?? Vamos fazer algo?? Juntos nós podemos”.
Vale ressaltar
O motorista podia, após atropelar o cão, tê-lo esquecido na calçada. Não prestar socorro já seria desumano, mas daria chance de o cão ser socorrido por alguém da vizinhança. No entanto, ele amarrou o cão, arrastou-o até o caminhão é jogou-o na caçamba aumentando e prolongando seu sofrimento. Punição até o momento: demissão e multa de R$ 3 mil pela Secretaria do Meio Ambiente. A Polícia Civil investiga o caso. Melhor que nada, mas muito pouco para uma monstruosidade dessas.
Quando será que as leis brasileiras começarão a enxergar que indivíduos capazes de atrocidades com bichos são também capazes das mesmas brutalidades com pessoas e crianças? Quando a Justiça brasileira vai interpretar que crimes contra animais são um grande indício de que o autor é um perigo não só para animais mas para toda a sociedade? Por que comportamentos tão agressivos são ainda tratados com descaso por nossas leis?
Veja as reportagens anteriores do cão que foi “prensado vivo”:
Motorista que jogou cão no caminhão de lixo é afastado – relata o caso e teve quase 90 mil curtidas, além de milhares de compartilhamentos e desdobramentos na imprensa
Brasileiros querem justiça no caso de cão triturado vivo – menciona emails da empresa coletora de lixo e órgãos públicos do Amazonas para população se manifestar