O cachorro Thor, que foi baleado duas vezes na cabeça em Limeira (SP) recebeu alta e deixou a clínica nesta segunda-feira (04/11), quatro dias depois do ataque. O cão passou por cirurgia em que foram retirados um projétil do pescoço e estilhaços ao redor do olho. A outra bala ficou alojada na região da mandíbula e não pôde ser removida pelo risco de o procedimento causar lesão irreversível.
A informação da alta foi passada pelos tutores do cão e pelo hospital veterinário onde ele estava internado. Na rede social, os tutores e a equipe médica celebraram a alta do cão.
“Obrigado a todos que nos ajudaram de qualquer forma. Nunca iremos nos esquecer”, postou um Fábio de Souza.
Riscos
Ao g1, o médico veterinário, diretor do hospital, Edson Fagundes, afirmou que o cão segue bem, mas ainda será acompanhado pelas equipes.
“Ainda estamos acompanhando o olho dele, precisamos realizar um procedimento chamado flap de terceira pálpebra para tentar salvar o olho. Infelizmente, um dos projéteis ficou alojado no seio mandibular e retirar seria muito arriscado podendo causar lesão iatrogênica [de forma não intencional por um tratamento médico]. Mas, por enquanto, ele segue bem”, descreveu.
O procedimento mencionado pelo diretor, flap de terceira pálpebra, consiste em imobilizar a terceira pálpebra por cima do globo ocular para constituir uma barreira física para proteção da córnea.
Na foto, a equipe do hospital segurava cartazes com os dizeres com pedido de justiça, palavras de apoio e adjetivos ao Thor, como “guerreiro” e “vitorioso”.
Cirurgia
O animal passou por cirurgia na última sexta-feira (1º) e tem risco de perder um olho, segundo o veterinário Henrique Maezi, que cuida do animal.
“As balas se alojaram tanto no zigomático [osso da face, próximo aos olhos] como também próximo à coluna cervical. Ele está estável, hoje o estado dele é bem melhor do que chegou, e agora estamos aguardando a melhora dele para a cirurgia”, explicou o veterinário na ocasião.
Um boletim de ocorrência foi registrado. A polícia foi até o local, um lava-rápido localizado na Avenida Jacob Cover, no Jardim Caieira, e tentou verificar as câmeras de segurança para saber o que ocorreu, mas nada foi gravado. O tutor de Thor suspeita que o dono de outro cachorro cometeu o crime depois de uma briga entre os animais.
Vizinhos escutaram barulhos
Por volta das 5h de quinta-feira, vizinhos ouviram barulho de uma briga entre cachorros no local.
“Aí, parou essa briga, parou o barulho, ficou normal. Uns 20 minutos depois, os vizinhos escutaram dois tiros. Voltaram e deram dois tiros na cabeça do meu cachorro”, conta o dono do lava-rápido, Fábio Ricardo de Souza.
“O portão aqui, ele [Thor] não consegue colocar a cabeça, o focinho dele para o lado de fora, por ele ser um cachorro de porte grande. Aí, o que acontece? O de outra pessoa veio aqui, para o lado de fora, brigou com ele, colocou a cabeça, eu acho, para dentro, ele pegou, deve ter mordido. E esse dono do cachorro, que até agora a gente não sabe quem é direito, depois voltou aqui e deu o tiro no cachorro. Ficou com raiva”, diz o tutor de Thor.
‘É um filho para nós’
Os tutores estão tentando levantar dinheiro para pagar o tratamento veterinário do animal.
“O cachorro é um filho para nós. Está aqui todo dia com a gente aqui, cuida do estabelecimento. É triste. Não pode fazer isso aí, não”, lamenta Fábio.
“Eu quero justiça. Quero justiça porque o cara que fez isso aí com o meu cachorro pode fazer qualquer um também”, acrescenta.
Animal ‘tranquilo’
Sócia do lava-rápido, Valdineia Ananias diz que o animal tem um comportamento tranquilo. “Mal latia, ficava de boa aqui no lavador. Só quando vinha algum bicho, alguma coisa no portão, aí ele dava algum latido, mas, fora isso, ele era calmo, tranquilo”. Vizinhos também disseram que é um cachorro dócil.
Os tutores têm esperança de que o cachorro se recupere e volte para casa.
“Nós estamos com fé que ele vai melhorar, fazer essa cirurgia, porque está complicado, está alojado ainda na cabeça dele. E ansiedade né, para a gente ir lá visitar e ver como ele está de novo”, conta Valdineia.
Fonte: g1
