Durante uma encenação da Paixão de Cristo em uma praça pública em Sumpango, na Guatemala, um momento absolutamente inesperado comoveu o público.
No instante em que o ator que interpretava Jesus gritou e tombou ao chão, vencido pela dor do açoite e pelo peso da cruz, um cachorro abandonado surgiu entre a multidão. Movido por um sentimento puro, aproximou-se com delicadeza, como se compreendesse o sofrimento daquele homem. Sem hesitar, encostou-se a ele, oferecendo conforto e proteção — uma presença singela, mas cheia de compaixão. Depois, deitou-se ao seu lado, como quem diz: “Você não está sozinho.”
Sem ensaio, sem comando. Apenas presença, empatia e um gesto puro de amor.
A cena, tão simples quanto profunda, tocou a alma de quem assistia e a nossa também. Ali estava, em carne, osso e pelo, o símbolo vivo do que a Páscoa representa: solidariedade, compaixão, conexão entre vidas, renascimento.
Invisível aos olhos da maioria, o cão tornou-se, sem saber, o grande mensageiro da verdade maior.
Para os animais em situação de rua, a Páscoa pode ter um significado especial. A adoção, nesse contexto, é mais que um ato de acolhimento — é vida nova. É oferecer a chance de oferecer a quem conheceu apenas o abandono, a fome e o medo. Assim como a ressurreição simboliza a vitória sobre a dor, adotar um animal é dar a ele a oportunidade de florescer, de voltar a confiar, de viver com dignidade.
Num mundo tão carente de afeto verdadeiro, essas cenas — como a do cão que se deitou ao lado do “Cristo” caído — é o exemplo do poder transformador do amor. Um amor que não vê espécie, que não exige nada em troca. Um amor que simplesmente se entrega.
Que a Páscoa inspire novos começos, não só entre nós, humanos, mas também para todos os animais sistematicamente explorados e para os cães e gatos que esperam, em abrigos ou nas ruas, por um olhar, um cuidado, um lar.
A foto foi registrada pelo jornalista Alex Imuchac Velásquez em 26 de Março de 2024 e se tornou viral em todo o mundo.