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HOMENAGEM

Cão salva tutor de deslizamento e se torna gerente de hotel

31 de outubro de 2021
Yasmin Casal I Redação ANDA
5 min. de leitura
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Foto: Reprodução | Arquivo pessoal

Há dez anos atrás, a região italiana de Cinque Terre foi atingida por uma enchente mortal. Segundo informações da CNN Brasil, no dia 25 de outubro de 2011, as cinco pequenas aldeias de pescadores que formas a região e atraem turistas do mundo todo, foram atingidas por uma das piores enchentes que já ocorreram por lá.

Com treze mortes e muitas perdas de propriedades e posses, a principal aldeia teve as ruas tomadas por lama. Mas, em meio à tantos estragos, uma história sobre aquele dia horrível é extraordinária. Isso porque o proprietário de um hotel local, Perpaolo Paradisi, conta que naquele dia sua vida foi salva por seu cãozinho domético, que hoje nomeia até mesmo o seu hotel.

O Leo’s Lodge é situado no alto das falésias acima de Vernazza e faz parte de Prevo, que é uma pequena aldeia que fica no Sentiero Azzurro, famoso “caminho azul” que os turistas adoram percorrer. Segundo a matéria, cerca de três milhões de visitantes por ano cheguem às cinco pequenas aldeias que compõe Cinque Terre. Porém, há uma década atrás, o local foi quase destruído quando um deslizamento de terra desceu pelo penhasco e varreram tudo em seu caminho. Leo e seu tutor quase foram levados juntos.

Foi um mês antes da tragédia que Perpaolo decidiu adotar um filhote resgatado da Sérvia. Ao encontrar no Facebook postagens de um grupo ativista em defesa dos direitos animais, na qual modelos sérvias traziam cães e gatos em situação de rua para a Itália sempre que vinham trabalhar.

Segundo o texto: “Na guerra [iugoslava] as pessoas tiveram que abandonar seus animais domésticos – cães, gatos, tartarugas – então eles se multiplicaram”, diz Paradisi. “Então, havia um problema com cães em situação de rua”. Presos e levados para canis, onde, diz Paradisi, corriam o risco de serem sacrificados se não fossem reivindicados em 48h.

Visando ajudar os animais, ele entrou em contato com o grupo e pediu que escolhessem um cãozinho para ele, desde que fosse pequeno, já que ele pegava muito o trem. Eles escolheram um cachorrinho castanho amarelado de Belgaro que, conforme Paradisi, foi capturado com a mãe e a irmã, que foram mortas na sua frente.

Ele conta que tem “uma foto da gaiola em que ele estava. Dos 48 cães, ele foi o único salvo”.

Leo, como o tutor o chamou, chegou à Ligúria em 25 de setembro de 2011. No dia da tempestade, embora cães fossem proibidos em seu escritório, Paradisi decidiu levar Leo consigo, pois não queria deixá-lo sozinho em casa. A tempestade, segundo a matéria, já estava se formando. Quando chegaram ao seu destino, a tempestade já havia começado. Com trovões, chuva forte e granizo, ele decidiu sair mais cedo, temendo que a tempestade só piorasse.

“Mesmo na primeira milha, mudou – eu nunca tinha visto piorar assim antes”, diz ele. “Houve um tornado de água que atingiu as montanhas e eu não conseguia ver nem um metro à frente. Tive uma visão de cerca de 30 centímetros, então estava dirigindo muito devagar”.

Segundo o texto, Paradisi colocou Leo no banco traseiro para a jornada de 27 quilômetros até em casa. Durante a maior parte, o cãozinho ficou sentado quieto, até que quando se aproximaram mais de Prevo, enquanto o carro contornava o penhasco, Leo saltou para frente e ficou de joelhos, o que fez com que o tutor parasse. Naquele momento, enquanto ele tentava tirar o cão do colo e colocá-lo no banco traseiro para poder dirigir, o penhasco desabou na frente deles.

“A montanha acabou de descer, e o deslizamento chegou até o asfalto e o guarda-corpo. Quase encostou no carro. Um metro à frente e teríamos sumido”, diz.

Conforme a matéria, Pradisi está convencido de que Leo salvou a vida de ambos. Embora não tenha percebido na época, ele conta que estava em choque e conseguiu dar meia volta com o carro até Manarola, outra aldeia próxima. Para ele, foi só ali que entendeu o que estava acontecendo. Dormiram no carro naquela noite e, no outro dia, juntos tentaram chegar a pé pelo caminho de Sentiero Azzuro.

“Parecia uma zona de guerra”, disse Paradisi. “Eram cinco helicópteros procurando os perdidos. Havia um veleiro virado e as pessoas gritavam, procurando outros desaparecidos”. “Nossa casa estava bem, mas não pudemos chegar lá, porque um deslizamento atravessou o caminho”.

Ao conversar com amigos, conta ele, eles disseram: “‘Foi graças a Leo que você está vivo’. Eu não tinha entendido isso ainda”. Hoje, a casa deles é um hotel à beira de um penhasco e os dois são inseparáveis. Paradisi deu à propriedade, inclusive, o nome de Leo’s Lodge e colocou preso à porta um símbolo de um cachorro orgulhosamente.

Segundo a matéria, Leo faz papel de anfitrião, cumprimenta os hóspedes, acompanha-os até seus quartos e faz patrulhas de seguranças regulares na propriedade, além de acompanhar o tutor quando vai buscar hóspedes na cidade vizinha. Ele o leva para todos os lugares, menos ao tribunal, onde não são permitidos animais. Leo ganhou em 2012, ano seguinte à inundação, o primeiro lugar do Prêmio Internazionale Fedeltà del Cane (Prêmio Internacional pela Lealdade Canina) entre dez cães igualmente excepcionais. Ainda segundo a matéria, Paradisi não acha que o salvamento foi um acaso.

“Eles não podem explicar cientificamente, mas acham que alguns cães têm essa capacidade – que cães que sofrem [trauma] desenvolvem um sétimo sentido”, diz Paradisi. “Os cães têm 150 milhões de receptores olfativos em seus narizes; os humanos, cinco milhões. Eles acham que isso lhes dá a capacidade de intuir o perigo, de alguma forma. Eles sabem que algo está acontecendo, embora não possamos entender”.

Ainda hoje, eles vivem permanentemente em alerta. Ele conta que: “A enchente me fez perceber que Cinque Terre é uma área muito perigosa”, diz ele. “Os geólogos acham que será a primeira área da Itália a desaparecer”. Segundo a matéria, ao receber uma mensagem de alerta, vai direto para casa e fica no sofá com Leo e seus gatos, que também sofreram com a enchente de 2011, mas todos voltaram são e salvos.

Com 14 anos agora, Leo não vai a lugar nenhum por enquanto, mas Paradisi afirma que quando perdê-lo, passado o tempo de luto, vaia dotar outro cãozinho do mesmo canil em Belgrado em homenagem e memória de Leo.

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