Dispositivo colocado abaixo da orelha armazena
informações como nome, idade e vacinação
Exatamente 41 dias após reencontrar dona Nair Flores, o cão Pinpoo mudou radicalmente de vida. O cachorro que se tornou celebridade nacional depois de desaparecer no hangar do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, agora vive em Guarapari (ES), a 50 quilômetros de Vitória — 2 mil da capital gaúcha . Além de um novo lar, carrega abaixo da orelha direita um chip do tamanho de um grão de arroz.
Acompanhada por uma médica veterinária, a sequência de mudanças ocorreu em um único dia. Acomodado na mesma caixa de transporte que fugiu no início de março, Pinpoo deixou Porto Alegre às 12h45min da última terça-feira, em um voo da companhia TAM rumo a Vitória.
No aeroporto da capital capixaba, dona Nair o aguardava com uma representante da empresa que colocou o dispositivo no animal. O chip facilitará a identificação do cão caso volte a desaparecer — situação que Nair prefere nem imaginar.
Na primeira viagem após o traumático extravio, o cachorro reagiu bem. Desembarcou em Vitória ” com aquela expressão de felicidade no rosto”, na descrição da dona Nair. Quem sofreu mesmo foi a tutora. Ela viajou em outro voo, cerca de quatro horas antes. “Ele chegou sem trauma, sem nada. Eu é que estava tensa, toda ansiosa”, conta.
Além da mudança geográfica, Pinpoo está fisicamente diferente, na visão da aposentada. O cão de um ano, completado no último dia 17, está com pelos brancos sobre a cabeça e engordou 1,5 quilo — quando encontrado depois de 14 dias desaparecido, pesava oito quilos; atualmente, está com 9,5.
Para Nair, os fios brancos são consequência do estresse vivido enquanto estava distante dela. “Meus cabelos ficaram ainda mais brancos com o sofrimento. E ele também ficou um pouco grisalho. Mas o importante é que agora está ainda mais bem tratado do que antes.”
Se Pinpoo mudou-se definitivamente para Guarapari, dona Nair ainda não. No início de maio, ela retornará a Porto Alegre — sem o cão. Permanecerá na Capital até a primeira audiência na Justiça do processo que move contra a Gol pelo extravio do cachorro, ainda sem previsão de data. Até lá, o cachorro ficará na companhia de sua mãe biológica, a Bianca. A cachorra mora com a filha de Nair.
“É uma fase de adaptação. Pinpoo fica aqui com a minha filha. Ela mora ao lado do apartamento que vamos viver aqui. Nos próximos 10 dias, vamos ficar todos juntos. Assim, quando eu precisar voltar a Porto Alegre, ele já vai estar ambientado com a família da minha filha e não vai sentir tanto a minha falta”, explica a aposentada.
Chip armazena até histórico de vacinação
Pinpoo carregará o chip sob a pele para o resto da vida. O dispositivo armazena informações como o nome, a idade, o histórico de vacinação, entre outras. Se o cão voltar a desaparecer, o chip evitará que dona Nair o confunda com outro animal semelhante, como ocorreu no episódio do Salgado Filho. Contudo, a tecnologia permite apenas a identificação, sem rastrear os passos do animal.
“No desespero, eu fiquei em dúvida quando me apresentaram cachorros semelhantes. Quase fizemos o DNA de um deles. O chip evita esses transtornos”, justifica.
O dispositivo foi colocado sob a pele, na região do pescoço, abaixo da orelha. Uma espécie de agulha — idêntica à usada para coletar sangue — introduziu a tecnologia. Pinpoo não reagiu, segundo a sua tutora. ” Não sentiu nada, nem se mexeu.”.
Aliás, a condição imposta por dona Nair era que Pinpoo não sofresse. “Ele já sofreu demais. Agora é só felicidade no mar de Guarapari. “.
Fonte: Zero Hora