Silvia Lakatos
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Sou o Caco, um dachsund de 10 anos de idade. Sou fruto do comércio que explora animais como se fossem coisas. Meus atuais tutores – eles são “donos” mesmo, pois acham que não passo de um objeto que pode ser descartado — querem se livrar de mim. A alegação? Bem, é simples: dizem que eu lato e faço xixi. Talvez eles devessem ter um Tamagoshi, aquele bichinho virtual japonês…
Minha história é assim: dez anos atrás, quando eu era um filhote encantador, um homem me comprou para seus filhos pequenos. A mãe das crianças me odiou desde que eu cheguei, mas acabou concordando em me deixar ficar depois que os guris abriram o berreiro. Afinal, eles queriam tanto um bichinho…
Agora que as crianças se tornaram adolescentes, têm mais o que fazer: festas, baladas, namorados, faculdade… Enfim, ninguém se lembra do vovozinho aqui. Virei um brinquedo velho que perdeu a graça.
Foi então que a dita-cuja resolveu me azucrinar. A casa onde eu estou é enorme, mas não posso me locomover por ela. Fico preso e ninguém me leva para passear. Não estou castrado, e a fulana não deixa que ninguém me castre pois diz que não quer ter trabalho com o pós-operatório.
O marido dela, o tal que me comprou, disse que não vai brigar com a mulher para me manter por lá. E mais: disse também que não gosta de mim, porque sou um cachorro bobo.
Não sou bobo, sou velho. E dócil também: minha carência é tanta que eu abano o rabinho para qualquer um que me olhe. Eu quero ser amado, pois até hoje desperdicei meu afeto com gente que não merecia nada de bom.
Tenho ótima saúde (pelo menos eles me dão comida — disso não posso reclamar), mas eu quero ser feliz. Quero brincar, ganhar carinho. Tenho 10 anos, não sei por quanto tempo ainda estarei aqui. Será que você tem um cantinho pra mim, na sua casa e no seu coração?
Uma amiga que infelizmente não pode me adotar, pois já tem bichos demais, está me assessorando nesta busca. O nome dela é Silvia Lakatos. O telefone é (11)6965-1460. Podem ligar a qualquer hora, a Sílvia é do tipo que dorme tarde e acorda cedo.
Por favor, me ajude a encontrar um novo lar. Sei que ainda tenho muito a ofertar, só preciso de uma oportunidade!