Um cão de aproximadamente um ano está gravemente ferido e corre o risco de não sobreviver ao tiro que recebeu de um policial militar, no último domingo (1º), no Bairro Jardim Del Rey, em Cuiabá (MT). A tutora do animal, Lilian Herculana, afirma que o cão foi atingido por um disparo feito pelo policial, no momento em que ele foi até a residência dela após uma denúncia de maus-tratos contra os filhos. Porém, a Corregedoria da Polícia Militar informou que já abriu um procedimento administrativo para apurar o caso.
Lilian relatou que policiais militaram foram até a casa dela alegando que haviam recebido uma denúncia anônima de que os filhos dela, de 11 e 7 anos, estavam sendo vítimas de maus-tratos. “Isso não procede de jeito nenhum. Eu amo meus filhos e meus animais”, se defendeu. De acordo com ela, quando saiu de casa para atender os policias, o cão e a filha de sete anos a acompanharam. “O cachorro cheirou o policial e latiu. Na hora que eu coloquei o pé para fora do portão, ele atirou no cão. Por pouco não pegou na minha filha, mas alguns estilhaços atingiram minha perna”, desabafou a moradora que foi encaminhada pelos policiais para a delegacia juntamente com o marido e os filhos.
A família só foi liberada pela Polícia Civil depois de quatro horas de depoimento e ao retornar para a residência, encontrou marcas de sangue e o cão agonizando em um canto. O disparo efetuado pelo policial atravessou a mandíbula do animal, que ficou fraturada e ocasionou a perda de 80% da língua do cachorro. “A gente sabe que o cão precisa da língua para beber água”, explicou o veterinário Guilherme Souza dos Santos.
No entanto, segundo a moradora, o animal só foi atendido 24h depois do ocorrido. “Liguei para a Polícia Militar, pelo 190, e pedi para mandar uma viatura até minha casa porque meu cachorro tinha sido baleado por um policial. Passei a noite toda ligando e ninguém atendeu meu pedido. No outro dia, fui lá e procurei alguém que me levasse, mas ninguém levou”, relatou Lilian. Ela contou que teve que ir de ônibus ao Hospital Universitário, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), e levou o cão dentro de uma caixa para que pudesse receber atendimento.
A tutora do animal fez o boletim de ocorrência e denunciou o cabo que atirou no cão. O animal foi transferido para uma clínica particular e já passou por duas cirurgias. As despesas com o tratamento ultrapassam R$ 8 mil.
A representante da Organização de Proteção Ambiental de Mato Grosso, Luciana Ferreira informou está sendo realizada uma campanha para angariar fundos. “Nós queremos que essas pessoas que fizeram isso sejam punidas, pagando tratamento, enfim, que se conscientizem da gravidade do problema”, pontou.
De acordo com o Código Florestal, maus tratos contra animais é crime ambiental. A pena varia de um a três anos de prisão, mais multa. Em caso de morte do animal, a pena pode ser aumentada em até um terço.
Fonte: G1