Em maio, Cecilia Hernandez se formou na faculdade Rollins College, na Flórida (EUA), ao lado de sua melhor amiga, a cachorra Canela, que atravessou o palco da cerimônia de formatura.
Canela é uma golden retriever de 4 anos e um verdadeiro “faz-tudo” quando se trata de cão de serviço, segundo Hernandez, que acolheu a cadela em sua vida no semestre de outono de 2021.
“Comecei a ter problemas cardíacos que causavam aceleração dos batimentos e desmaios. A Canela consegue me alertar quando minha frequência cardíaca está muito alta e me avisa para sentar quando estou prestes a desmaiar. Durante esses episódios, ela realiza a Terapia de Pressão Profunda para ajudar a aliviar os sintomas. Além disso, tenho muitas alergias alimentares. Ela consegue me alertar antes de uma reação e me lembrar de tomar a medicação”, contou Hernandez à revista PEOPLE, explicando como a cadela a ajuda.
Quando Canela passou a acompanhá-la na faculdade, Hernandez notou que sua vida “mudou drasticamente para melhor”.
“Com a Canela ao meu lado, me sinto muito mais confiante em reconhecer meus limites físicos. Antes de ter um cão de serviço, eu sempre me forçava além do que devia, pensando ‘estou bem’”, disse ela. “Isso me fazia ignorar os sinais de alerta do meu corpo, o que acabava em várias idas ao médico e longos períodos de repouso. Desde que tenho a Canela, ela me avisa quando estou exagerando. Ela me lembra de descansar quando é necessário.”
A cadela também dá à tutora confiança para enfrentar novos desafios e seguir suas paixões, já que está sempre presente para avisá-la quando é hora de fazer uma pausa.
Embora se diga que é preciso uma aldeia para criar uma criança, contar com mãos extras também faz diferença na hora de treinar um cão de serviço. A John McGarth Training Services foi responsável por treinar Canela para se tornar o cão de serviço de Hernandez, iniciando o processo quando a cadela ainda era filhote.
Como Hernandez cursava graduação em Química na Rollins College, Canela precisou ser preparada para passar horas em ambiente de laboratório. Adaptá-la a esse espaço — incluindo o uso de óculos de proteção — exigiu tempo, paciência e apoio.
“Antes dela estar comigo em tempo integral, eu a levava para a faculdade alguns dias por semana para que se acostumasse com. Meus professores me ajudaram no treinamento, permitindo que eu a levasse às aulas para que ela se ambientasse”, conta Hernandez.
Quando Canela chegou à idade adulta jovem e se tornou oficialmente um cão de serviço em tempo integral, Hernandez continuou dedicada ao processo de aprendizado mútuo.
“Embora a Canela fosse considerada uma ‘aluna exemplar’ pelo nosso treinador, foi preciso um treinamento consistente, todos os dias, para que ela chegasse ao nível em que está hoje”, acrescenta Hernandez. “Tenho muito orgulho do quanto nós duas evoluímos até alcançar o nível de profissionalismo que temos agora.”
A Rollins College também se orgulha de Canela. Ela é o primeiro “cão de serviço em aulas de Química” que a instituição já recebeu, e por isso a faculdade decidiu homenageá-la durante a cerimônia de formatura.
Segundo Hernandez, no dia da graduação, Canela subiu ao palco ao lado da tutora e recebeu um patch especial em seu colete, em comemoração ao tempo que passou na Rollins College.
“Quando estávamos no palco, houve um silêncio enquanto o presidente Cornwell fazia seu discurso. Meu coração estava acelerado, preocupada com o que a plateia iria pensar. Mas, quando nos aproximamos do presidente, a multidão explodiu em aplausos. Consegui ouvir muitos colegas e amigos gritando de alegria na plateia”, conta a tutora orgulhosa sobre a reação da turma à homenagem de Canela.
Canela, que a tutora descreve como um “buraco negro de amor” sempre pronto para absorver carinho, parecia adorar seu momento especial sob os holofotes. E ela terá a chance de conquistar uma nova comunidade acadêmica no outono, quando começará a acompanhar Hernandez na Universidade da Flórida Central, onde a tutora iniciará seu doutorado em Química Inorgânica.
Hernandez espera que o sucesso de Canela no laboratório ajude a abrir portas para mais estudantes com cães de serviço e a mudar a percepção sobre o que esses cachorros — e seus tutores — são capazes de fazer.
“É extremamente importante que a ciência seja acessível para todos. Ao permitir mais vozes no ambiente científico, estamos ajudando a expandir o campo da pesquisa. A Rollins College me deu as ferramentas e o apoio necessários para ter sucesso, mas nem todos têm essa sorte. Eu conquistei meu espaço na Química por mérito próprio. No entanto, fisicamente, eu jamais teria chegado tão longe sem a Canela ao meu lado”, afirma.
Traduzido de People.