Terminou com final feliz a história entre o vira-lata Neguinho e seu tutor Renato, morador de rua de Ipanema, na Zona Sul do Rio. Após doze dias desaparecido, o cachorro foi devolvido ao tutor na noite da última segunda-feira (28) por um casal que o acolheu e descobriu o verdadeiro tutor após ler reportagem do G1.
“Foi emocionante. Eu estava muito triste sem ele. Quando nos encontramos, foi uma festa. Ele pulava de tanta felicidade”, contou Renato. O sumiço de Neguinho, de cinco anos, aconteceu depois que Renato foi levado por agentes da prefeitura para um abrigo. Antes de deixar o animal para trás, ele o deixou amarrado em uma grade na Praça General Osório, e quando voltou, o cão não estava lá.
Segundo Mônica Mallet, que ajudou Renato espalhando cartazes e oferecendo recompensa por Neguinho, o casal reconheceu o cachorro ao ver a foto na internet. “O casal pegou Neguinho pois ele estava sendo abordado e queimado com cigarro por pivetes. Levaram ao veterinário, cuidaram muito bem dele. Ontem eles leram a reportagem, viram que estávamos procurando por ele, e vieram nos devolver”, explicou ela.
Exames apontaram tumor em Neguinho
Durante esta visita do animal ao veterinário, alguns exames detectaram um tumor na genitália de Neguinho. “Nunca descobriríamos isso, já que ele é um cão de rua. Mas são pessoas de bem e já até compraram o remédio quimioterápico que ele terá que tomar”, disse Mônica, completando que o casal não quis os R$ 1 mil da recompensa e sugeriu que o dinheiro seja usado no tratamento do cachorro.
Após o reencontro com seu melhor amigo, Renato contou que não vai continuar na rua. “Vou trabalhar, montar minha casinha e acompanhar o tratamento do Neguinho. O diagnóstico do veterinário dizia que ele estava deprimido. Acho que é porque estava longe de mim. Agora estamos muito contentes”, contou.
Cartazes espalhados
Desde o dia 16 de março, data em que o vira-lata desapareceu, mais de 200 cartazes foram espalhados pelo bairro. A amizade entre Mônica e Renato começou em 2007, quando ela passava uma temporada com a mãe, em Ipanema, e o viu dormindo com Neguinho debaixo de uma marquise.
“Senti compaixão por ele. Passava por ali todo dia e ele estava lendo um livro, sempre arrumado. Comecei a conversar, dar comida pra ele e para o Neguinho. Em 2008, arrumei um emprego em Niterói pra ele. O Renato me chama de madrinha”, resume, emocionada.
Após três anos trabalhando e morando na Região Metropolitana do Rio, Renato deixou o emprego e voltou a morar na rua. Segunda ela, Renato é filho de uma moradora de rua e tem mais quatro irmãos que teriam sido adotados por uma família francesa.
Fonte: G1