Um cão sofreu em agonia, durante horas, ontem de manhã, em Francelos, Vila Nova de Gaia, município português no Distrito do Porto, após ter sido atropelado durante a noite. O Centro de Recuperação Animal municipal foi várias vezes alertado, mas respondeu que só lá poderia ir à tarde. Uma veterinária local teve pena do cão e, por conta própria, procedeu à eutanásia.
“Às 10h telefonei para o Centro e eles disseram que já tinham sido contactados e que só o podiam ir buscar às 14h”, conta Ana Margarida Silva, da Clínica Veterinária de Francelos, que tinha sido alertada por uma moradora. “Fui à Travessa da Junqueira. O São Bernardo estava moribundo e literalmente a ser comido por moscas e formigas. Sou veterinária há 12 anos e nunca me vou esquecer do que vi”, confessa. Por isso, decidiu, ela própria, acabar com o sofrimento do cão.
Pelas 12h, um funcionário do Centro de Recuperação chegou ao local para recolher o cadáver. E teve de vir acompanhado de trabalhadores da empresa SUMA porque o outro funcionário do Centro estaria de férias.
Porém, mesmo que chegasse a tempo e o cão pudesse ser tratado, não haveria ninguém para o salvar, pois a única veterinária do Centro está igualmente de férias. “Acho inqualificável que um concelho desta dimensão só tenha um veterinário e tenha de contar com o veterinário de Santa Maria da Feira para o substituir”, critica Ana Margarida. A indignação da veterinária é ainda maior pois reconhece “o bom trabalho que o Centro faz na adoção. É dos que melhor a praticam”. Todavia, como, ontem, constatou, “neste aspecto é um descalabro¹”.
O JN tentou obter esclarecimentos junto da Câmara de Gaia, mas até ao fecho da edição tal não foi possível.
* Esta notícia está escrita em Português de Portugal.
¹ descalabro – desgraça, prejuízo, dano
Fonte: Jornal de Notícias