(Foto: Arquivo Pessoal)
O cachorro cuja tentativa de resgate gerou polêmica em Salto de Pirapora (SP) foi adotado por uma das testemunhas dos supostos maus-tratos. Bobô, como já era chamado pelo antigo tutor, agora vai viver na casa do soldador Andreli Rolim Costa. O caso foi denunciado por moradores da cidade no último sábado (20). Um vídeo divulgado na internet mostra o animal amarrado pelo pescoço e sendo arrastado por cerca de 40 metros por funcionários do Centro de Controle de Zoonoses.
Segundo Andreli, o objetivo de adotar Bobô era colocá-lo dentro de casa, em segurança, já que ele vivia com um morador de rua e, nessas condições, continuaria sujeito a captura. “Fiquei com medo do pessoal provocar pro cachorro morder e poder dar razão a eles [Zoonoses]. Estão laçando vários cachorros e a gente não sabe para onde levam”, diz o soldador, que teve o aval do antigo tutor para levar o animal para casa.
Bobô – que, a princípio, foi tratado como fêmea – já era conhecido da nova família. De acordo com Andreli, o cão ficava pelas ruas do centro com o antigo tutor, próximo ao local de trabalho da esposa do soldador e sempre foi manso. “Não entendo o motivo deles terem feito maldade para o cachorro. Foi um equívoco muito grande. Ele sempre foi doce, tem criança que dá comida na boca dele. O que acontece é ele correr atrás de carro e de moto, mas, até aí, é normal”, afirma o novo tutor.
Assim que foi adotado, Bobô foi levado ao pet shop e ao veterinário, tomou banho e foi vacinado. Agora, ganhou casa, cobertor e nove “irmãos” – sete dos quais também foram resgatados da rua pela família de Andreli. “Cinco dormem no meu quarto. Por enquanto, o Bobô vai ficar de fora, mas vai dormir em lugar coberto e com cobertor limpo”, conta o soldador.
Falta de provas
Para a presidente da ONG Amigos da Cidade, de Salto de Pirapora, o resgate só poderia ter sido feito com a apresentação de um laudo médico que comprovasse que o animal mordeu alguém. De acordo com Teresa Pio da Silva, outras falhas também foram apontadas. “Não dá para saber como o cachorro seria levado, se solto ou amarrado. Eles não tinham qualquer tipo de equipamento para resgatá-lo. Essa ação foi primitiva e não podemos compactuar com isso”, ressaltou.
O que diz a prefeitura
Em nota, a Prefeitura de Salto de Pirapora afirmou que o cachorro é considerado agressivo e que a Zoonoses, inclusive, já recebeu reclamações. Sobre a forma como os funcionários agiram, a explicação é que o animal seria laçado e amordaçado para depois ser levado no colo até o veículo. Ele ficaria em observação por 10 dias para saber se está com raiva.
A prefeitura ressaltou ainda que a equipe que trabalhava no caso registrou um boletim de ocorrência contra os moradores que impediram a ação, já que os funcionários estavam exercendo sua obrigação e foram impedidos por aquelas pessoas. “No ato, inclusive, uma delas foi mordida pelo cachorro e procurou atendimento no posto de saúde que informou que o animal deveria ser recolhido para observação. Quando isso é feito, o animal recebe tratamento, alimentação e, se não for verificada doença, então o animal é oferecido para doação”, finalizou a nota.
Fonte: G1