“Pequenininho” é um poodle de cerca de três anos que, apesar do nome carinhoso que recebeu, foi muito maltratado por sua tutora. Na manhã do dia 24, ele foi resgatado pela equipe do Distrito Policial (DP) de Crimes Ambientais de Bauru, que foi até o imóvel onde ele morava munida de um mandado de busca e apreensão.
O cão não possuía local para se abrigar do sol e da chuva, estava com uma ferida na barriga e com a pelagem cheia de pulgas e nós. Em alguns pontos, o emaranhado de pêlos chegava a lembrar o estilo rastafári. Segundo relato de vizinhos, “Pequenininho” vivia trancado dentro de casa, na rua Ory Pinheiro Brisola, no bairro Alto Paraíso.
De acordo com o delegado titular do DP de Crimes Ambientais, Dinair José da Silva, o Serviço Inteligência Geral (SIG) da polícia já havia visitado a casa da tutora, uma pensionista de 47 anos, outras duas vezes para alertá-la sobre a falta de cuidados para com o animal. “Recebemos uma denúncia anônima e, há cerca de um mês, constatamos que o cão não estava vivendo em boas condições de higiene. Demos um prazo para que a tutora tomasse as providências necessárias. Ela havia se comprometido a cumprir as exigências, mas não o fez”, comenta.
Na segunda visita, a mulher trancou-se dentro da residência junto com o cachorro e não atendeu os policiais, que voltaram, ontem, com um mandado de busca e apreensão para garantir a retirada de “Pequenininho” do local. “Mas não foi necessário arrombar a porta ou usar força. Insistimos, negociamos, e ela acabou abrindo a porta e entregando o animal”, destaca.
Dinair Silva relata que a aparência do cachorro denotava que não era escovado nem tomava banho há muitos meses. Pelas evidências, também não estava sendo bem alimentado. “Quando o trouxemos para a delegacia, demos ração e água e ele comeu tudo rapidamente, parecendo bastante esfomeado”, pontua. Conforme a denúncia recebida, a mulher possuía outros cães, que também teriam sido maltratados, mas não foram encontrados no imóvel.
Falta de dinheiro
A tutora, que teve a identidade preservada, explica que os demais bichos eram filhotes, que ela acabou doando a conhecidos. Em relação aos maus-tratos a que “Pequenininho” teria sido submetido, ela diz que estava aguardando receber o dinheiro da pensão do ex-marido para levá-lo a um pet shop.
“Minha única renda são estes R$ 300,00 que eu recebo de pensão. Não tinha condição de levar antes e a tesoura que eu tenho em casa é muito grande. Fiquei com medo de machucá-lo”, alega ela, dizendo que também não escovava o bicho porque “ele não deixava”.
Apesar da notável falta de higiene do animal, ela disse que havia dado banho recentemente e que ele estava bem.
Setenta casos em 2011
O delegado Dinair José da Silva, revela que, no ano esclarece que, no ano passado, cerca de 70 ocorrências foram registradas no Distrito Policial de Crimes Ambientais devido a maus-tratos contra animais. Na maioria dos casos, o tutor perdeu a posse do bicho.
Na ocorrência de ontem, a proprietária do cão foi autuada por ato de abuso contra animais. Se for considerada culpada, a penalidade prevista no artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais é de três meses a um ano de detenção, além de multa.
A pena, entretanto, poderá ser revertida em prestação de serviços à comunidade, pagamento de cestas básicas ou imposição de restrição de direitos por determinado período. O cão resgatado ficará temporariamente sob a guarda de uma Organização Não-Governamental (ONG) de proteção animal para receber os devidos cuidados médicos, até que possa encaminhado à adoção.
Collie fica com instituição
O cachorro da raça collie encontrado abandonado na Vila Falcão já está sob os cuidados de uma Organização Não-Governamental (ONG) de proteção animal da cidade. Anteontem, ele havia sido resgatado por um garoto e encaminhado ao 1º Distrito Policial, onde está localizado o Distrito Policial de Crimes Ambientais.
O delegado Dinair José da Silva revela que recebeu diversas ligações telefônicas de pessoas interessadas em adotar o animal e de outras que já agendaram horário para reconhecimento do cão a partir da semana que vem. “´Nossa prioridade é devolvê-lo ao tutor. Pela reação do animal, é fácil descobrir se uma pessoa é ou não a proprietária”, destaca.
Serviço
O Distrito Policial de Crimes Ambientais fica na avenida Comendador Daniel Pacífico, 2-117, Vila Martha (região da Vila Falcão), e deve ser acionado em casos de maus-tratos a animais.
As denúncias podem ser feitas anonimamente pelos telefones (14) 3238-7377 e (14) 3238-5151. E-mail: [email protected].
Fonte: JCNET