O estudante Renan da Silva Schiavo, de 16 anos, é seguido pelo cachorro aonde quer que vá. ‘Farofa’, que é SRD, foi acolhido pela família há cinco anos, quando ainda era filhote, em Campo Novo do Parecis, a 397 km de Cuiabá. Ele começou a seguir Renan depois que a tutora, que é mãe do adolescente, viajou para o Rio Grande do Sul para fazer um tratamento contra um câncer de mama.
A professora aposentada Rosane de Fátima da Silva Schiavo, de 54 anos, contou que o cachorro segue Renan até o Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) todos os dias. Ele embarca no ônibus e vai junto com ele, o que, para a tutora, tem se tornado uma preocupação.
“Tem outro lado da história do Farofa. Enquanto as pessoas acham ele fofinho e bonitinho, eu me preocupo muito com o Renan. Porque ele atrapalha, de certa forma. Ele me seguia por todo lado quando eu fazia o trabalho nas pastorais. A gente tinha que ficar driblando ele, quando eu saia de moto e andava várias quadras para despistá-lo, mas ele me achava mesmo assim”, disse.
Segundo ela, a família vem tentando de tudo para manter o cachorro em casa e bem cuidado para não ficar na ‘cola’ de Renan o tempo todo. Mas, até agora, sem êxito. Na escola, Farofa tem feito sucesso entre os colegas dele, sempre dócil e carinhoso.
“Mesmo saindo de carro, o Farofa segue correndo na frente. Uma vez nós fomos em uma celebração e ele estava lá, e atrapalha. Eu tenho tentado de tudo, tentamos deixar ele de um lado da casa, com a porta trancada, mas ele deu um jeito de abrir. Minha filha colocou ele lá no pátio, e ele pulou o muro.
Colocamos uma coleira, ele roeu e escapou. Então, ele sempre dá um jeito de escapar e seguir o Renan”, contou.
Rosane precisou se mudar para o Rio Grande do Sul em virtude de um câncer de mama invasivo. Lá, ela faz o tratamento em sessões de quimioterapia. Ela tem três filhos, sendo Renan o caçula.
Quando Rosane estava no estado, Farofa acompanhava ela todos os dias. Mas desde que deu início ao tratamento de câncer no Sul, o cachorro resolveu se apegar ao Renan. No entanto, ele é mais chegado à gatinha de estimação Zaia. A busca de carinho de Farofa acaba sendo excessiva, em algumas ocasiões.
“Ele acaba atrapalhando às vezes, porque Renan não consegue entrar no refeitório por muito tempo. A coordenadora me falou que, por enquanto, não iam dar uma advertência ao Renan, mas a gente tinha que providenciar uma solução. Isso atrapalha bastante e eu me preocupo”, disse.
Segundo ela, o filho tem conseguido se virar por conta própria desde que ela teve o diagnóstico de câncer e tem se mostrado mais responsável.
“Às vezes ele sai correndo de casa para despistar o Farofa. Tem dias que ele come em questão de um minuto no refeitório ou leva marmita ou fica até sem comer porque o Farofa não pode entrar no refeitório. Eu me preocupo muito, porque não quero que o cachorro atrapalhe a vida escolar dele. Ele está indo bem. Eu sinto que ele não quer me preocupar”, contou.
Fonte: G1