A campanha SOS Cagarro, que se realiza anualmente nos Açores, em Portugal, em outubro e novembro, permitiu salvar este ano 3712 aves que, com apenas três meses de idade, iniciam uma migração de centenas de quilômetros sobre o Atlântico.
A iniciativa, organizada pela Secretaria Regional do Ambiente e do Mar, visa ajudar as jovens aves que saem dos ninhos nesta altura do ano para o primeiro voo transoceânico. O arquipélago tem a maior colónia mundial destas aves marinhas, concentrando 70 por cento da população na época de reprodução.
Para o diretor regional dos Assuntos do Mar, Frederico Cardigos, a campanha deste ano “foi um sucesso”, destacando que decorreu em todas as ilhas dos Açores e registou “um extraordinário interesse, envolvendo a população em geral”. “Duvido que alguém no arquipélago dos Açores não saiba que a campanha existe e que é necessário ter cuidados acrescidos em relação à salvaguarda dos cagarros juvenis que saem dos ninhos”, afirmou Frederico Cardigos, numa conferência de imprensa na Horta, Faial, para apresentar o balanço da campanha.
Nesta altura do ano, os jovens cagarros começam a sair dos ninhos para iniciar o seu primeiro voo transatlântico, mas são ainda muito sensíveis às luzes das casas e dos automóveis o que, muitas vezes, provoca a sua queda.
As aves acabam por morrer atropeladas ou vítimas de predadores, surgindo a campanha SOS Cagarro, em 1995, como uma iniciativa para os proteger sempre que forem encontrados animais em perigo.
Este ano a iniciativa, que decorreu de 1 de Outubro a 15 de Novembro, envolveu 1244 voluntários e 140 entidades, incluindo escolas, autarquias, forças de segurança, bombeiros, escuteiros, organizações não governamentais, entidades privadas e a Universidade dos Açores.
O cagarro (Calonectris diomedea), que pode viver até aos 40 anos, é a ave marinha mais abundante nos Açores, onde regressa todos os anos em Março para acasalar e nidificar, começando a partir em Outubro, altura em que os juvenis atingem o tamanho adulto. “Alguns dos cagarros juvenis salvos nos Açores há mais de sete anos já regressaram [aos Açores] para acasalar e ter as suas crias”, informam os responsáveis, em comunicado.
Esta é uma espécie classificada como Vulnerável no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, por causa da população reduzida (inferior a mil indivíduos maturos) e concentrada numa única localização. A sua área de ocupação é de menos de 20 quilômetros quadrados.
Fonte: Ecosfera