Até 4 de Julho, quatro associações de animais e o site de classificados OLX têm uma parceria que pretende alimentar ou adotar 200 cães e gatos de norte a sul do país e sensibilizar para o abandono e maus-tratos destes animais. As principais beneficiárias da campanha são as quatro associações, que este ano esperam ultrapassar as perto de 10 toneladas de ração e os 18 animais adotados na última edição.
No site existe a categoria “Animais” que tem agora o botão “Alimente com o OLX”, que abre as páginas com os cães e gatos que podem ser adotados ou alimentados. Para isso, basta clicar no botão “Alimente”. Em caso de adoção, é pedido para contatar a associação, com a qual vai ser tratado directamente todo o processo.
Esta é a quarta vez consecutiva que o OLX lança a campanha. Este ano, o site convidou a Fundação São Francisco de Assis, em Alcabideche; a AEZA – Associação Ecologista e Zoófila de Aljezur, no Algarve; a Associação Animais da Quinta, no Porto; e a Associação de Protecção aos Cães Abandonados (APCA), em Sintra.
O site afirma ser “sensível ao problema que muitas associações vivem nesta altura do ano” e é por isso que quer colaborar. Rita Marques, do OLX, diz que os resultados de quatro anos de campanha têm “ultrapassado as expectativas”. Desde 2011 têm aumentado as toneladas de ração doadas e o número de animais adotados. No último ano, em 2013, foram angariadas 9,4 toneladas de alimentos e 18 animais passaram a ter família.
Entrar numa campanha como esta é reforçar o apelo à ajuda a estes animais, resgatados das ruas ou de situações extremas de abandono ou maus-tratos. As associações denunciam muitas dificuldades em manter cães e gatos, numa altura em que aumentou o número de animais abandonados devido à incapacidade financeira das famílias e diminuíram os apoios devido à mesma razão.
Há também quem peça ajuda para cuidar dos seus animais, como conta Natália Correia da APCA, a funcionar desde 1958, agora com 160 cães ao seu cuidado. “Todos os dias recebemos mais de uma dezena de pedidos de ajuda e já não temos como ajudar. Temos o canil sobrelotadíssimo e os donativos são cada vez menos, pois as pessoas também já não tendo para si próprias já não conseguem ajudar-nos como faziam antes”. Natália Correia sublinha a “sensação de frustração muito grande”, quando só se sobrevive das “ajudas dos amigos dos animais”. “Não temos outros apoios ou subsídios”.
Armando Frade, presidente da AEZA, que desde 2001 recebe cães e gatos (tem actualmente 30 e 50, respectivamente), critica “o abandono constante de animais, a falta de civismo e indiferença dos cidadãos, das autoridades e dos meios de comunicação social”, bem como a “falta de meios e de voluntários”.
Na associação Animais da Quinta, há nove anos aberta, a realidade não é diferente. “Na nossa mente está permanentemente a preocupação com a alimentação e tratamentos veterinários dos animais [50 cães] a nosso cargo. Vivemos de donativos o dinheiro é pouco e os nossos animais ditos não adotáveis são em maioria, ou porque são idosos, doentes, adultos ou assustadiços. Claro que são todos adotáveis, mas o padrão que a nossa sociedade tem de adotável é diferente”, aponta Lurdes Delgado.
Maria João Pulido, da Fundação São Francisco de Assis, inaugurada em 2001, sublinha ao PÚBLICO que apesar das dificuldades, tem conseguido a adopção dos seus animais. Atualmente com 98 cães e 120 gatos, a taxa de sucesso é de 83% desde que foi criada. “As nossas necessidades passam pela ração para os nossos animais, material clínico e medicamentos”, descreve.
Adoções ainda são poucas
As expectativas para a edição deste ano do “Alimente” são altas quanto a rações mas mais contidas para adopções. A APCA participa na campanha pela terceira vez. Este ano, quer voltar a apostar na “visibilidade” que estas iniciativas dão aos animais. “Conseguimos adoções em todas as vezes que participámos, bem como padrinhos e outras ajudas, como donativos em géneros, voluntários. No geral, a participação nesta campanha é sempre muito positiva a todos os níveis”, conta Natália Correia.
A Fundação São Francisco de Assis, igulamente repetente nesta campanha, quer “conseguir o mais possível de likes para que revertam em alimentação para os seus animais. “E que muitas dessas visualizações revertam em possíveis adopções responsáveis”, acrescenta Maria João Pulido.
A AEZA já participou três participações na iniciativa. Em 2014, Armando Frade, presidente da associação, espera receber o mesmo tipo de donativos em ração, mas não tem “grande expectativa em relação às adoções”. No ano passado só houve uma.
*Esta notícia foi escrita, originalmente, em português europeu e foi mantida em seus padrões linguísticos e ortográficos, em respeito a nossos leitores.
Fonte: Público