Por Juliana Meirelles (da Redação)
Agora os turistas que vão para lugares longínquos do Extremo Oriente, África e América Central estão sendo avisados de que seus encontros aparentemente inofensivos com animais selvagens supostamente “fofinhos” pode vir a um custo considerável para o bem-estar da criatura.
Uma nova campanha – que está sendo lançada esta semana pelo grupo de proteção de animais selvagens Care For The Wild – está buscando destacar o lado negro desses momentos “mágicos” com os animais que não são tão mansos, nem tão bem cuidados, como pode parecer inicialmente.
Chamada de “Sem fotos, por favor”, a campanha faz parte do projeto Care For The Wild – DIREITO, que visa dissuadir os turistas a não irem ao encontros de animais selvagens e abusá-los com fotos e poses, que podem ter consequências bem mais duradouras para seus pobres inconscientes.
Esta questão entrou em foco em setembro, quando a ícone pop Rihanna foi fotografada com um loris lento ao fazer uma pausa da turnê no famoso destino da praia Phuket, na Tailândia.
A cantora postou uma foto de si mesma no Instagram, segurando um desses pequenos mamíferos, olhando para a câmera.
Conhecida por suas características “adoráveis”’ – incluindo pele macia, cabeça arredondada e olhos arregalados – o loris lento é encontrado em toda a Ásia, em países que vão desde a Índia e Bangladesh a oeste e com as ilhas das Filipinas a leste.
Mas, apesar de sua aparência, ele não se sente confortável em mãos humanas e também – incomum para um mamífero – o animal tem uma mordida venenosa.
Este último fato significa que, nos casos em que um loris lento é oferecido aos turistas para tirar fotos – geralmente por uma taxa – os dentes, normalmente, foram removidos.
A Care For The Wild diz que essas criaturas muitas vezes foram tiradas de suas mães – que são frequentemente mortas no processo.
O loris lento é um animal noturno, que em grande parte opera sob a cobertura da escuridão.
Luzes brilhantes – ou das ruas turísticas iluminadas por neon ou os flashes de câmeras – podem danificar seus olhos e causar dor e desconforto.
A Care For The Wild chama a atenção para o problema com uma série de dramáticos cartazes que vão pedir para turistas pensarem antes de tirar essa rápida foto.
Slogans contundentes incluirão: “Sorria! Você acabou de matar minha mãe” e “3-2-1 Diga Ai!”.
Outro cartaz aconselha: “Foto para o Facebook? Você acabou de curtir o abuso de animais”.
“É fácil se deixar levar no momento de férias, e ter sua foto com um animal selvagem bonito pode parecer uma boa ideia no momento”, diz o CEO da Care For The Wild Philip Mansbridge.
“Mas se as pessoas conhecessem a verdadeira história por trás desses animais, achamos que elas aprenderiam a dizer não”.
“Se você vê um animal selvagem que não está na natureza, então é hora de fazer perguntas”.
“Se for um animal jovem, onde está sua mãe? Onde estão os seus dentes e garras? Por que é tão manso?”.
“As respostas são, provavelmente: ‘morta’, ‘arrancados’ e ‘porque tem medo'”.
“Isso não é o cenário para uma divertida foto do Facebook”.
“A campanha é pesada, pois precisamos que as pessoas tomem conhecimento”, continua ele.
“Nós não estamos culpando ninguém por ter feito isso no passado, mas espero que possamos passar a mensagem. Por favor, não pague por uma foto com um animal selvagem. A melhor coisa que você pode fazer é manter seu dinheiro no seu bolso. Se o comércio para, vendedores ambulantes vão deixar os animais em estado selvagem, onde eles pertencem”.
A foto de Rihanna com um loris – que é uma espécie protegida – provocou uma resposta na Tailândia, onde a polícia apareceu em Bangla Road, em Phuket e prendeu dois homens.
Mas a Care For The Wild diz que a maioria desses incidentes passam em branco – e adverte os turistas que fotos com macacos “domados” em Marrakech (Marrocos) ou filhotes de leão em Cancun (México) são igualmente debilitantes para os animais envolvidos.