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ACIDENTE

Caminhão tomba com 250 milhões de abelhas exploradas nos Estados Unidos

1 de junho de 2025
Vivian Guilhem | Redação ANDA
3 min. de leitura
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Caminhão com carga de abelhas tomba nos Estados Unidos • Reprodução/Gabinete do Xerife do Condado de Whatcom

Um acidente ocorrido na última sexta-feira (30/05) em Lynden, no estado de Washington (EUA), que resultou na fuga de cerca de 250 milhões de abelhas, é mais do que um incidente isolado de logística agrícola. Ele expõe, com crueza, a violenta lógica da exploração animal que sustenta muitos sistemas produtivos contemporâneos — inclusive aqueles que dependem diretamente de espécies sencientes como as abelhas.
 
O episódio mostra a forma como tratamos as abelhas não como seres vivos dotados de valor intrínseco, mas como ferramentas utilitárias, confinadas, transportadas e manipuladas de acordo com as necessidades humanas. As abelhas, como qualquer outro animal, têm interesses próprios — em viver, se movimentar livremente, expressar seus comportamentos naturais e manter suas comunidades sociais complexas. No entanto, na apicultura comercial, esses direitos são sistematicamente ignorados em nome da produção em larga escala.
 
As colmeias industriais, os processos de seleção genética, a remoção sistemática de mel (substituído por soluções açucaradas inferiores) e os longos deslocamentos em caminhões — como no caso do acidente — representam formas de violência institucionalizada.
 
Esses métodos ignoram que abelhas sofrem com o estresse, com a privação de sua autonomia e com o rompimento do ciclo natural que rege suas vidas. A ideia de “recolher” as abelhas, como se fossem meros objetos dispersos, reforça essa perspectiva utilitarista.
Além do sofrimento direto, o modelo de exploração coloca em risco a existência das próprias abelhas e o equilíbrio ambiental global. Diversas espécies de abelhas — tanto as domesticadas quanto as selvagens — estão em acelerado declínio populacional por conta de ações humanas como desmatamento, uso de pesticidas, monoculturas e poluição. A morte em massa de abelhas afeta diretamente a polinização de mais de 75% das culturas alimentares do mundo, o que compromete não só a biodiversidade como também a segurança alimentar das pessoas.
 
A extinção das abelhas não seria apenas uma tragédia ecológica. Seria o colapso de uma teia de vida inteira: plantas deixariam de se reproduzir, ecossistemas seriam desestruturados, cadeias alimentares se romperiam. E no centro disso tudo está o erro fundamental de tratar a natureza como um conjunto de insumos à disposição da nossa economia, e não como um organismo vivo e interdependente, do qual também fazemos parte.
 
Diante disso, é urgente repensar a relação entre humanos, animais e natureza. Precisamos avançar para modelos que reconheçam os direitos das abelhas como indivíduos e também os direitos da natureza como um todo.
 
Segundo informações, especialistas trabalham para atrair as abelhas, que ficaram muito agitadas. Eles afirmam uma vez que os insetos se acalmarem, provavelmente, devem voltar às colmeias, mas que isso deve levar algum tempo.

 

Caminhão tomba com carga de abelhas nos Estados Unidos • Reprodução/Gabinete do Xerife do Condado de Whatcom

 

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