Uma arara-canindé, ave majestosa de penas azuis e amarelas típica do Cerrado, foi encontrada morta em Taguatinga, no Distrito Federal, no domingo (20/07). Ela apresentava ferimentos graves e estava dentro de uma sacola plástica, abandonada ao lado de um contêiner de lixo.
Imagens de câmeras de segurança mostram um homem depenando a ave em plena via pública. Nas gravações, é possível ver o indivíduo, sem camisa, manipulando a arara sobre um contêiner, abrindo suas asas e arrancando suas penas antes de descartá-la em uma sacola plástica. Ainda não se sabe se ela já estava morta no momento do ato.
Um morador da região encontrou o corpo da ave e acionou a Polícia Civil, que encaminhou o caso para a Delegacia de Combate à Ocupação Irregular do Solo e aos Crimes contra a Ordem Urbanística e o Meio Ambiente (Dema/Cepema).
Segundo o delegado Jonatas Silva, da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra os Animais, o homem das imagens foi localizado. Em depoimento, disse ter encontrado a arara já sem vida.
“Trata-se de uma pessoa em situação de rua e usuária de drogas, que costuma revirar o lixo da região. Testemunhas confirmaram que ele chegou ao local com o animal morto”, afirmou o delegado.
A arara-canindé (Ara ararauna) é uma espécie característica do bioma cerrado e, como muitas outras aves brasileiras, sofre com a perda de habitat e a caça. Apesar de não estar oficialmente ameaçada de extinção, sua população vem diminuindo devido ao desmatamento e ao tráfico de animais.
O caso choca não apenas pela violência, mas pela frieza com que foi executado. Enquanto as autoridades investigam, resta a pergunta: o que leva alguém a tratar um ser vivo com tamanha crueldade?
Apesar da tristeza que casos como este provocam, ainda há quem lute para proteger o que resta da nossa fauna. Projetos de proteção e centros de reabilitação trabalham diariamente para salvar espécies como a arara-canindé, enquanto leis ambientais mais rígidas buscam punir crimes como esse.
Mas nenhuma lei será suficiente se não houver uma mudança real na forma como os humanos enxergam a natureza. Cada animal morto mostra que, enquanto o respeito pela vida não for prioridade, histórias como essa continuarão a se repetir. Resta torcer para que, um dia, a beleza do cerrado e de seus habitantes inspire não destruição, mas reverência.