Com o recesso na Câmara, os vereadores de São José do Rio Preto (SP) ainda não definiram os nomes dos integrantes da Comissão de Defesa dos Animais, criada depois de muita pressão popular e campanhas dos protetores e associações de defesa. Os parlamentares devem estudar políticas públicas para tentar reduzir os casos de violência e de maus-tratos, que têm crescido na cidade.
Uma jovem, indignada com maus-tratos, gravou um vídeo em que um cão da raça Pit bull aparece magro e cheio de feridas pelo corpo. A cena sensibilizou a jovem, que não quer se identificar porque tem medo do tutor do animal. “Ele não gosta que a gente ajude, que dê água, coloque comida, ele fica bravo. Não quero prejudicar o tutor, quero ajudar o cachorro. Ele é um Pit bull, muito dócil e não merece isso”, afirma.
O cachorro vive em um lote onde funcionava um depósito de gás, no Jardim Universo, em Rio Preto. O local é pequeno e não possui cobertura por isso o animal fica exposto ao sol e a chuva. A jovem diz que ele não recebe água, nem alimentação. “Eu nunca vi ração, ou água, às vezes eu coloco água para ele tomar, já vi o cão comendo as próprias fezes ou então a urina porque não têm o que comer”, diz.
Na casa do tutor do Pit bull não havia ninguém. Embora, hoje em dia, muito se fale sobre proteção aos animais, casos de abandono e maus-tratos ainda são registrados com frequência. No ano passado, uma mulher torturou cachorros que mantinha na casa dela. Um deles estava com uma corda no pescoço e foi espancando até a morte. Em 2011, em Tanabi (SP) um cão teve a mandíbula quebrada depois de ser agredido com um pedaço de madeira.
Em Novo Horizonte (SP), um exemplo de crueldade que ganhou repercussão nacional. Um filhote foi enterrado vivo pelo próprio tutor. Titã, como ficou conhecido, foi adotado pela veterinária que cuidou dele.
A Câmara de Vereadores de Rio Preto aprovou recentemente a abertura de uma comissão de defesa e direitos dos animais. O grupo formado por três parlamentares terá várias funções, entre elas acompanhar a aplicação de uma lei federal que prevê punição a quem comete maus-tratos. Além disso, o Legislativo deve defender políticas públicas de proteção para tentar diminuir os crimes e casos de abandono, que ainda são comuns.
A pena para o crime de maus-tratos é de três meses a um ano de detenção e multa. A protetora de animais Elisângela da Silva diz que a punição deveria ser mais rigorosa. Ela reclama também que falta estrutura em Rio Preto tanto na parte de investigação dos casos, quanto na de atendimento médico aos animais. “Falta em Rio Preto um hospital veterinário, lares de passagem, não precisa ser a casa de uma pessoa, mas um local para eles ficarem”, afirma Elisângela.
A protetora de animais Sirlei Jurado encontrou uma maneira de ajudar. O perfil que ela mantém em uma rede social é usado exclusivamente para promover campanhas de proteção aos animais. Ela já resgatou vários cachorros da rua. É um trabalho de formiguinha, muita gente que se identifica com a causa contribui como pode, e o resultado é gratificante. “Em médica recebo cinco denúncias por dia pelo telefone, agora com a rede social, é praticamente 10 denúncias por dia”, diz.
Sobre as reclamações dos protetores, de que em Rio Preto não tem políticas públicas, a prefeitura informou que faz um trabalho de orientação de casa em casa, com agentes de saúde. Em casos de denúncias de maus-tratos, o morador pode ligar para o centro de zoonoses. O telefone é o (17) 3231-6494. Em relação ao Pit bull abandonado, a polícia ambiental informou que vai até a casa, onde o cão é mantido trancado, para verificar o que pode ser feito.
Fonte: G1