Por Amanda Grimm (da Redação)
Por unanimidade cruel, a Câmara Municipal de Americana aprovou, na última quinta-feira (27) moção de aplausos ao Clube dos Cavaleiros pela realização da 24ª Festa do Peão Boiadeiro. De autoria do vereador Luiz Antonio Crivelari (PP), a propositura foi acatada pelos 12 legisladores da região, que em nenhum momento mencionaram a exploração e maus-tratos a que são submetidos os animais durante as exibições dessa prática absurda que alguns insistem em chamar de esporte, cultura e tradição.
A propositura foi inteiramente pautada no lucro que a festa, que acontecerá entre os dias 2 e 13 de junho, trará para a cidade. “Além de gerar empregos e aquecer a economia local, é uma importante opção de lazer para a população”, acrescenta a moção. Segundo o prefeito da cidade, Diego de Nadai, “não tem dinheiro que pague a divulgação que a Festa do Peão faz por Americana”. Mas será que, por dinheiro, promoção e lazer, tudo é válido?
Precisamos repensar nossos valores, e nos valores que estamos levando para as próximas gerações. Vale lembrar que, durante os rodeios, os animais são tratados com violência e brutalidade pelos peões, que se utilizam do sedem (faixa feita de couro, corda ou forrada de algodão ou lã, que passa ao redor do flanco do animal, uma região do corpo que não tem proteção óssea, e é violentamente apertada ao redor do abdômen dos animais, comprimindo os órgãos internos e os genitais) para que se tornem ariscos durante as apresentações.
Os animais acabam os treinos com feridas abertas, cicatrizes no flanco e tendo que suportar muita dor e humilhação. Quando já estão muito feridos e não servem mais para as apresentações, os animais são vendidos aos matadouros.
Lamentável que todos os legisladores de Americana tenham aprovado essa festa apenas preocupados com lucro, sem sequer pensar nos valores que estão passando, não só aos munícipes, mas a todos os brasileiros que, apesar de tudo, ainda se preocupam mais com o bem-estar de seu próximo, seja ele de qualquer gênero, espécie, raça ou cor.