As altas temperaturas neste verão não têm afetado apenas os seres humanos. A fauna no Vale do Paraíba também é vítima do impacto das mudanças climáticas.
A veterinária Graziele Faria, do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de São José dos Campos, relatou ao portal SP RIO+ que, desde o início da estação, o órgão se deparou com muitos animais tendo um comportamento fora do comum. O forte calor tem levado à morte e à fuga de muitas espécies silvestres de seu habitat natural e a invasão delas nas cidades.
“A gente tem percebido um grande aumento da supressão de área verde em muitos locais para a abertura de estradas, a criação de condomínios, casas, loteamentos, enfim. Mas com esses animais, o que que acontece… eles acabam precisando se reorganizar. Muitos morrem. É uma mudança ambiental para eles e uma mudança de clima também”, explicou em entrevista ao Podcast Talk+.
Essas mudanças de rotina na vida selvagem vêm sendo observadas pelo CCZ especialmente por meio dos morcegos, animais que costumam viver entocados dentro das copas das árvores, mas que recorrem à soluções urbanas quando suas casas caem abaixo. Porões, garagens e outros espaços que não recebam muitas visitas das pessoas são os favoritos.
Quando essa migração para o núcleo das cidades acontece, o contato entre humanos e morcegos aumenta. No entanto, a veterinária afirmou que muitos moradores em São José têm encontrado os animais debilitados pelo calor.
“No verão são esperadas temperaturas mais altas, mas a gente está tendo picos de temperatura onde esse comportamento de morcegos se desalojando durante esses picos eu não tinha visto ainda. Em dezembro tivemos muitos chamados relacionados a isso. E assim, da gente pegar e ver que o morcego está ofegante, mais desidratado”, conta Graziele.
Segundo a veterinária, ao se deparar com um morcego caído ou possivelmente doente ou machucado, a orientação é chamar o CCZ e tentar manter o animal seguro até a chegada da equipe.
“Às vezes quando ele cai, a gente orienta para a pessoa colocar um balde em cima, uma caixa, para ele não sair. Às vezes ele sai, acaba se escondendo”, afirmou.
Fonte: SP RIO+