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ATIVIDADE HUMANA

Calor extremo em julho revela rapidez do aquecimento global

Organização Meteorológica Mundial ressalta urgência de redução de gases do efeito estufa para impedir impactos “avassaladores”

10 de agosto de 2024
ONU News
4 min. de leitura
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Foto: Breno Esaki/Metrópoles @BrenoEsakiFoto

calor extremo atingiu centenas de milhões de pessoas ao longo de julho, com um efeito dominó sentido em toda a sociedade.

Segundo a Organização Meteorológica Mundial, OMM, o dia mais quente já registrado ocorreu em 22 de julho, representando mais uma evidência de como a emissão de gases de efeito estufa originados por atividades humanas estão mudando o clima.

Políticas atuais podem levar a 2,9°C de aumento de temperatura

O climatologista da OMM, Álvaro Silva, conversou com a ONU News, de Lisboa, e afirmou que o nível de compromisso dos países com a redução desses gases precisa acelerar.

“Este aquecimento está a ser muito rápido, portanto, há aqui um acelerar no aumento da temperatura média global. E a resposta, apesar de ser relativamente simples, é bastante difícil de executar. Portanto, nós temos de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e acelerar a ambição que temos nessa redução, porque com as atuais promessas que têm sido reportadas a nível dos diferentes países, se continuarmos com estas políticas, vamos estar a 2,5°C a 2,9°C no final do século”.

De acordo com ele, esses valores ficariam muito acima das metas estabelecidas em 2015, no Acordo de Paris, trazendo impactos “avassaladores”.

A OMM alerta que as temperaturas médias globais registradas por 13 meses consecutivos, de junho de 2023 a junho de 2024, estabeleceram novos recordes mensais.

Julho de 2024 foi o segundo mês mais quente do mundo e o segundo julho mais quente no registro de dados ERA5, do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus da União Europeia.

Planeta mais quente e perigoso

A OMM destaca a urgência do Apelo à Ação sobre o Calor Extremo emitido pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, que disse que “a Terra está se tornando mais quente e mais perigosa para todos, em todos os lugares”.

A secretária-geral da OMM, Celeste Saulo, ressaltou que “ondas de calor generalizadas, intensas e prolongadas atingiram todos os continentes no ano passado”. Ela adicionou que pelo menos 10 países registraram temperaturas diárias de mais de 50°C em mais de um local.

A diretora da OMM citou que o Vale da Morte, na Califórnia, registrou uma temperatura média mensal recorde de 42,5°C, possivelmente um novo recorde.

Ela sublinhou que a agência está empenhada em responder ao Chamado à Ação do secretário-geral da ONU com melhores alertas precoces e planos de ação para a saúde.

Estimativas recentes produzidas pela OMM e pela Organização Mundial da Saúde indicam que a expansão global dos sistemas de alerta de saúde relacionados ao calor para 57 países tem o potencial de salvar cerca de 98 mil vidas por ano.

Anomalias na Antártida

Globalmente, apesar de 22 de julho ter sido considerado o dia mais quente, o 23 de julho foi um empate virtual no conjunto de dados de reanálise ERA5 do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus, que é implementado pelo Centro Europeu de Previsão do Tempo de Médio Prazo.

O conjunto de dados de reanálise ERA5 usa bilhões de medições de satélites, navios, aeronaves e estações meteorológicas em todo o mundo. É um dos seis conjuntos de dados internacionais usados pela OMM para seu monitoramento climático e relatórios anuais sobre o Estado do Clima.

De acordo com o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus, um dos fatores que contribuíram foram as temperaturas muito acima da média em grandes partes da Antártida. Foram identificadas anomalias de mais de 10°C acima da média em algumas áreas e temperaturas acima da média em partes do Oceano Antártico.

Embora a variabilidade climática natural possa desempenhar um papel, essas grandes anomalias de temperatura são incomuns. É a segunda onda de calor desse tipo a atingir o continente nos últimos dois anos. Um episódio semelhante contribuiu para as temperaturas globais recordes no início de julho de 2023.

A extensão diária do gelo marinho da Antártida em junho de 2024 foi a segunda mais baixa já registrada, depois de 2023, de acordo com o Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo dos EUA.

Fonte: Metrópoles

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