Um tema ainda pouco discutido nos debates oficiais da COP30, em Belém (PA), ganhou destaque na voz da assessora especial da Secretaria Estadual da Proteção Animal do Ceará (Sepa), Sheirle Martins: os impactos das mudanças climáticas sobre os animais domésticos, como cães e gatos.
Segundo Sheirle, apesar da centralidade da pauta ambiental, os animais domésticos ainda aparecem pouco nas discussões, mesmo sendo diretamente afetados por eventos extremos, ondas de calor e alterações no ambiente urbano.
“Os animais também são vítimas das mudanças climáticas. Eles fazem parte da saúde pública e deveriam estar incluídos nesses debates”, destacou, em entrevista ao Opinião CE, que realiza a cobertura especial da Conferência.
Sheirle, que participou de painéis representando o Ceará ao longo da primeira semana de COP, lembra que os efeitos sentidos pelos humanos, como aumento das temperaturas, baixa qualidade do ar e eventos climáticos mais intensos, também atingem cães e gatos, que têm menos capacidade de adaptação e sofrem com desidratação, insolação, queimaduras nas patas e agravamento de doenças respiratórias.
“Os animais domésticos fazem parte da saúde pública, e saúde pública está totalmente ligada às mudanças climáticas no país, no estado e no mundo”, reforçou.
Além disso, episódios de enchentes e deslizamentos aumentam o abandono e a perda de animais, que, muitas vezes, ficam sem abrigo e assistência em desastres ambientais.
Ceará avança, mas Brasil ainda precisa discutir o tema
A assessora reconhece que o Ceará tem avançado em políticas de proteção animal e em estratégias de adaptação que consideram também os impactos nos animais domésticos, mas avalia que o debate ainda é tímido em escala nacional.
“O Ceará já trabalha muito isso, mas o Brasil ainda tem muito a aprender e muito a fazer. É um tema que deveria estar sendo debatido em todos os painéis, em todos os estados e também pelo presidente”, afirmou.
Para Sheirle, a COP30 seria o momento ideal para o país assumir um compromisso mais amplo com a agenda animal, integrando-a à pauta climática e de biodiversidade. “Eles são de suma importância para o clima e para a biodiversidade. Também são vítimas. E nós somos a voz deles.”
Proteção animal como parte da agenda climática
A fala da assessora reforça a necessidade de políticas públicas que conectem saúde animal, saúde humana e meio ambiente, abordagem reconhecida internacionalmente como One Health (“Saúde Única”). Frente ao agravamento da crise climática, especialistas apontam que cidades e estados precisam incluir abrigamento emergencial, protocolos de resgate, vigilância sanitária e ações de prevenção a doenças em seus planos de adaptação.
Fonte: Opinião CE