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COP30

Calor extremo, doenças e vulnerabilidade: como o clima afeta os animais domésticos

Mudanças climáticas também afetam animais domésticos, alerta assessora da Sepa

17 de novembro de 2025
Rodrigo Rodrigues
2 min. de leitura
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Foto: Natinho Rodrigues/Opinião CE

Um tema ainda pouco discutido nos debates oficiais da COP30, em Belém (PA), ganhou destaque na voz da assessora especial da Secretaria Estadual da Proteção Animal do Ceará (Sepa), Sheirle Martins: os impactos das mudanças climáticas sobre os animais domésticos, como cães e gatos.

Segundo Sheirle, apesar da centralidade da pauta ambiental, os animais domésticos ainda aparecem pouco nas discussões, mesmo sendo diretamente afetados por eventos extremos, ondas de calor e alterações no ambiente urbano.

“Os animais também são vítimas das mudanças climáticas. Eles fazem parte da saúde pública e deveriam estar incluídos nesses debates”, destacou, em entrevista ao Opinião CE, que realiza a cobertura especial da Conferência.

Sheirle, que participou de painéis representando o Ceará ao longo da primeira semana de COP, lembra que os efeitos sentidos pelos humanos, como aumento das temperaturas, baixa qualidade do ar e eventos climáticos mais intensos, também atingem cães e gatos, que têm menos capacidade de adaptação e sofrem com desidratação, insolação, queimaduras nas patas e agravamento de doenças respiratórias.

“Os animais domésticos fazem parte da saúde pública, e saúde pública está totalmente ligada às mudanças climáticas no país, no estado e no mundo”, reforçou.

Além disso, episódios de enchentes e deslizamentos aumentam o abandono e a perda de animais, que, muitas vezes, ficam sem abrigo e assistência em desastres ambientais.

Ceará avança, mas Brasil ainda precisa discutir o tema

A assessora reconhece que o Ceará tem avançado em políticas de proteção animal e em estratégias de adaptação que consideram também os impactos nos animais domésticos, mas avalia que o debate ainda é tímido em escala nacional.

“O Ceará já trabalha muito isso, mas o Brasil ainda tem muito a aprender e muito a fazer. É um tema que deveria estar sendo debatido em todos os painéis, em todos os estados e também pelo presidente”, afirmou.

Para Sheirle, a COP30 seria o momento ideal para o país assumir um compromisso mais amplo com a agenda animal, integrando-a à pauta climática e de biodiversidade. “Eles são de suma importância para o clima e para a biodiversidade. Também são vítimas. E nós somos a voz deles.”

Proteção animal como parte da agenda climática

A fala da assessora reforça a necessidade de políticas públicas que conectem saúde animal, saúde humana e meio ambiente, abordagem reconhecida internacionalmente como One Health (“Saúde Única”). Frente ao agravamento da crise climática, especialistas apontam que cidades e estados precisam incluir abrigamento emergencial, protocolos de resgate, vigilância sanitária e ações de prevenção a doenças em seus planos de adaptação.

Fonte: Opinião CE

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