Um calor sem precedentes, com temperaturas de até 70°C, e um novo supercontinente, sem seres humanos: este será o cenário do planeta Terra daqui a milhões de anos, segundo projeções de um estudo liderado por cientistas britânicos e suíços na Universidade de Bristol, no Reino Unido.
A pesquisa mostra que uma temperatura 30°C mais alta do que a máxima atual será a provável causa da próxima extinção em massa desde os dinossauros, eliminando quase todos os mamíferos —incluindo humanos.
E tudo isso ocorrerá em um novo supercontinente chamado Nova Pangeia ou Pangea Ultima. Essas projeções são para daqui a 250 milhões de anos, segundo a pesquisa publicada na parte de geociências da revista científica Nature, na última segunda-feira (25).
O estudo apresenta os primeiros modelos climáticos feitos por supercomputadores sobre este futuro distante. As projeções demonstram como os extremos climáticos vão ser intensificados de forma drástica, quando os continentes eventualmente se fundem para formar um supercontinente “quente, seco e em grande parte inabitável”, informa o comunicado.
Temperaturas mais altas
Se as ondas de calor provocam atualmente no Brasil temperaturas na casa dos 40°C, as descobertas projetam um aumento ainda maior destes registros —o sol vai se tornar mais brilhante, emitindo mais energia e aquecendo a Terra.
Outro agravante serão os processos tectônicos na crosta terrestre, com a formação do supercontinente, e que levariam a erupções vulcânicas mais frequentes. Essas erupções produziriam enormes liberações de dióxido de carbono na atmosfera, deixando o planeta ainda mais quente.
“O resultado é um ambiente principalmente hostil, desprovido de fontes de alimento e água para os mamíferos. Temperaturas generalizadas entre 40°C e 50°C e extremos diários ainda maiores agravados por altos níveis de umidade acabariam por selar o nosso destino. Humanos –juntamente com muitas outras espécies– ‘expirariam’ devido à sua incapacidade de perder esse calor através do suor, resfriando seus corpos.” – Alexander Farnsworth, autor principal do estudo, em comunicado da Universidade de Bristol
Segundo o pesquisador, “as perspectivas do futuro distante parecem muito sombrias”. Grande parte do planeta, diz ele, “poderá enfrentar temperaturas entre 40°C e 70°C”.
Apesar das mudanças climáticas e eventos extremos com mortes que já vemos na atualidade, pesquisas sugerem que o planeta deve permanecer habitável por muito tempo até a formação do Pangea Ultima.
Quando o supercontinente for formado, o estudo projeta que apenas 8% a 16% da Terra será habitável.
“É de vital importância não perder de vista nossa atual crise climática, que é resultado das emissões humanas de gases de efeito estufa. Enquanto estamos prevendo um planeta inabitável em 250 milhões de anos, hoje já experimentamos calor extremo que é prejudicial à saúde humana. Por isso é crucial alcançar emissões líquidas zero o mais rápido possível”, alertou a coautora do estudo, Eunice Lo, pesquisadora em mudanças climáticas e saúde.
“Somos a espécie dominante, mas a Terra e o seu clima decidem quanto tempo isso dura. O que vem depois ninguém sabe. A espécie dominante pode ser algo completamente novo.” – Alexander Farnsworth, líder do estudo, em entrevista ao The Guardian
Fonte: ECOA