Ela é apenas uma dos cães explorados em programas que visam proteger animais selvagens da caça.
Shakaria faz parte de um grupo de cinco cães treinados por especialistas americanos para se juntar a uma unidade de cães rastreadores, usados na luta contra a caça no Mara Triangle, que integra o ecossistema Maasai Mara, no Sul do Quênia.
É nesta região que mais de um milhão de gnus e dezenas de milhares de outros animais cruzam da Tanzânia para o Quênia em sua migração anual e se tornam um alvo fácil para caçadores.
Lema Langas, 30, um Maasai da comunidade local, que é diretor da unidade canina, explica que o principal desafio no parque é a caça furtiva para o comércio da carne de caça, sendo que a carne seca é exportada para a Uganda, Ruanda e outros locais mais distantes.
Ele disse que os caçadores colocam armadilhas e usam machetes para retalhar animais como gazelas, impalas, girafas e búfalos. Elefantes, leões e outras espécies também são capturadas pelas armadilhas, revela a reportagem do Daily Mail.
O Mara Triangle introduziu dois cães rastreadores no local em 2009. A unidade é composta por quatro cães rastreadores e mais dois treinados especificamente para encontrar marfim e armas nas entradas do parque.
Os filhotes são adestrados pelos ex-policiais Linda Porter e seu marido, John Lutenberg, que passaram décadas à procura de condenados foragidos nos EUA.
O casal treinou e levou os dois primeiros cães para o Quênia em 2009. Porém, um dos cachorros estava tão apavorado com todos os cheiros incomuns sua capacidade de rastreamento foi afetada.
Ainda que a caça seja uma prática covarde e abominável, obrigar cães – que deveriam viver livremente ao lado de suas famílias – a tentar combatê-la é cruel e não natural.
No final dos anos 90, o Mara Triangle, que integra um terço da reserva inteira, observou a caça desenfreada. O controle da reserva foi assumido pela Mara Conservancy, uma parceria público-privada com a comunidade local Maasai.
Além da exploração dos cães, outras tecnologias, como câmeras de imagens térmica, ajudaram a rastrear caçadores durante a noite.
Escoteiros comunitários e “espiões privados” descobriu gangues locais de caça na fronteira queniana e agora os caçadores atuam principalmente na fronteira quase invisível entre o Quênia e a Tanzânia.
Um acordo conjunto entre o Quênia e a Tanzânia permite que os guardas e os cães patrulhem no Serengeti e que qualquer caçador seja entregue às autoridades da Tanzânia. A veterinária Asuka Takita disse que quatro mil caçadores foram detidos em 18 anos.
Durante a temporada de migração, em Julho e Agosto, os guardas encontram milhares de armadilhas mortais no parque e Langas diz que 511 foram retiradas em um único dia de 2017.
A caça de marfim pode mais atenção, porém, um relatório de 2014 de uma força-tarefa nomeada pelo governo alertou que o extermínio para a carne de caça é amplamente ignorado e chegou a “níveis sem precedentes” no Quênia.
O relatório cita um caso, no qual um veículo continha seis mil quilos de carnes de caça saindo da região de Mara, a avaliada em US$ 11 mil.
“Esta prática é insustentável e pode acarretar o extermínio de muitas espécies”, afirmou o relatório.