Segundo um jovem universitário, que constantemente visita o CCZ, uma das últimas vítimas desse crime teria sido um cão da raça pit bull. O animal considerado dócil e brincalhão, ficou alguns dias no local, mas como não teria sido requisitado para adoção, acabou sacrificado.
“Várias vezes fui ao canil do CCZ apenas para brincar com esse pit bull, só não o adotei porque na minha casa não tem espaço para um cão desse porte. Mas de uma hora para outra dei falta dele e fiquei sabendo que o sacrificaram”, revela. “Eles simplesmente pegam os cães e mata, pois querem ter menos trabalho de cuidar dos animais. É uma espécie de pena de morte, com direito a cadeira elétrica. É um total absurdo o que a prefeitura está fazendo com esses animais”, diz o universitário que teve a identidade preservada.
De acordo com frequentadores do CCZ, fatos como esses são comuns em Volta Redonda. A justificativa dessas mortes seria reduzir a superlotação de cachorro nas ruas da cidade. O detalhe é que além da brutalidade com os animais, a prefeitura estaria descumprindo a Lei Municipal 4,108, de 25 de outubro de 2005, que determina no artigo 1º, que é “expressamente proibido o extermínio de animais abandonados como controle populacional ou de zoonoses”.
O artigo 2º da Lei determina que “o controle populacional e de zoonoses dos animias, a que se refere o artigo 1º desta lei, será exercido mediante a prática de esterilização cirúrgica, promovida pelo Poder Público Municipal, de forma inteiramente gratuita. e acessível a todos os tutores dos animais. Independente de comprovação de renda”. É justamente isso que cobram os membros do grupo da Associação Vira-Lata, que são profissionais de diversas áreas e que há sete anos trabalham voluntariamente, pelo animal e não com o animal. “A prefeitura só cumpre um item da lei, que é de não recolher os animais da rua”, destaca a integrante da Vira-Lata, a fotógrafa Liz Guimarães. “Quem maltrata um animal, pode até ser preso, pois é crime. Inclusive, o prefeito”, completa.
A Vira-Lata tem como foco a educação pela guarda responsável, castração e aoção dos animais.
“Não recolhemos cães e gatos, pois não possuímos abrigo. O nosso trabalho é voltado para dar visibilidade aos animais. Informando e sensibilizando a sociedade e o poder público sobre o Direito dos Animais, na tentativa de traze-los para a discussão e solução do problema dos animais maltratados”, afirma Marta Ribeiro, também participante da associação.
Para os integrantes da Vira-Lata o caminho para evitar que essa barbariedade continue acontecendo na cidade do aço, seria a prefeitura fazer uma campanha de conscientização da comunidade, por meio de campanhas educativas que estimulem o controle da natalidade pela esterilizacão. “A prefeitura tem que educar as pessoas com relacão aos animais, fazendo um trabalho preventivo. Até porque o grande vilão dessa situação é a sociedade, que abandona um animal na rua, por falta de interesse e compaixão”, destaca Liz Guimarães.
Desde 2005 a Vira-Lata já apresentou oito representações no Ministério Público contra a prefeitura de Volta Redonda, sendo que sete são relativas aos dois últimos anos. O motivo seriam denúncias de maus-tratos a cães, gatos e até cavalos sob a responsabilidade do CCZ e o não cumprimento das leis vigentes de proteção aos animais. “O problema que todas essas representações é que estão dependendo de respostas do prefeito Neto, que sempre usa de algum artifício para fugir dos questionamentos feitos”, Revela Mariana Ribeiro.
Até quarta-feira, dia 17, quando a reportagem da “Folha do Aço” esteve em Três Lagoas, no CCZ, quatro cachorros SRDs ainda estavam no canil do local. Resta saber se eles foram os próximos na lista de extermínio da prefeitura, a serem descartados no lixão da cidade como aconteceu com os demais.
Fotos e denúncias podem ser eviadas através do site da associação Vira-Lata www.vira-lata.net.
Fonte: Jornal do Aço (versão impressa)