Crispim. Projeto O Lobo Alfa
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Quando achamos que já vimos de tudo, deparamo-nos com situações assim.
Estes filhotes nasceram no meio do mato e foram resgatados. Era de se esperar que somente quem gosta de animais se dá ao trabalho de fazer resgates.
Mas aí, a vida ensina que a insanidade humana não tem mesmo limite. O infeliz que resgatou os filhotes os queria para saciar seu sadismo. O único objetivo dele era espancá-los para ouvi-los chorar.
E nesse inferno viveram os filhotes por várias semanas, até que foram finalmente resgatados, na surdina, por alguém que intencionava salvá-los.
Quando chegaram ao lar temporário, onde seriam preparados para adoção, eles eram um amontoado de cãezinhos assustados. Tremiam e faziam xixi descontroladamente quando qualquer um se aproximava.
O trabalho de socialização foi lento, com muito colo, muito carinho, brinquedos e petiscos.
Aos poucos, eles começaram a se soltar e aceitar aproximação. Ao todo, eram nove filhotes.
O tempo passou, eles começaram a esquecer o passado e puderam, finalmente, ser doados para que começassem nova vida.
Dos nove filhotes, sete deles puderam, finalmente, começar de novo.
Mas o estrago das agressões havia sido maior para dois deles.
Nunca saberemos exatamente como as coisas aconteciam, mas acreditamos que o agressor tinha preferência por dois deles.
Júlio, um dos pretinhos, e Tardeli, um marronzinho, têm dado mais trabalho na socialização.
Acreditamos que eles sofreram as piores agressões.
Hoje, já com 5 meses de vida, eles ainda se mostram assustados. Continuam fazendo xixi de medo quando estranhos se aproximam.
Infelizmente, como se já não bastasse o estrago feito pelas agressões, o tempo deixou as coisas ainda piores, apesar dos cuidados e da mudança radical na rotina deles.
É que eles buscavam a proteção do grupo. Encontravam na numerosa irmandade a segurança que seus tutores humanos não foram capazes de lhes proporcionar.
Mas não dava pra buscar uma adoção conjunta para nove SRDs de porte médio.
Então, um a um eles foram se despedindo do grupo. Com isso, os dois mais assustados ficavam mais tristes a cada despedida.
E agora chegamos a um impasse. É que tentamos separar os últimos dois, mas eles gritam desesperadamente até perderem o fôlego.
Já estão melhores. Já aceitam colo, afagos e até arriscam algumas brincadeiras. O tempo está ensinando que viver é bom.
Mas, pelo menos nesse momento, não teremos como separá-los. Eles precisam da segurança e da amizade um do outro. Onde um põe o pé, o outro enfia o focinho, com o risco de levar um pisão no nariz.
O tempo tem demonstrado que eles vão superar tudo o que aconteceu. Talvez até um dia possam viver longe um do outro.
Mas, nesse momento, precisam continuar juntos. Eles são o apoio um do outro e só se sentem seguros juntos. Comem juntos, dormem juntos e, até no banho, eles fazem questão de entrar juntos.
O xixi também é coletivo. Eles têm hora e ritual pra tudo.
Estão saudáveis, vacinados e vermifugados. A cada dia, mostram-se mais felizes e mais dispostos a viver a infância. Começou um pouco tarde, já que eles já estão trocando os dentes, mas, antes tarde do que nunca. E que venha a adoção especial que esperamos pra eles.
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Fonte: Lobo Alfa