Entre 15 a 10 mil anos atrás, o cão deu seus primeiros passos rumo à posição de melhor amigo do homem, com o início do processo de domesticação. Mesmo que hoje cães sejam companheiros carinhosos e leais, casos de reações ocorrem cotidianamente.
Para entender melhor a razão desse tipo de comportamento, uma equipe de cientistas trabalhou com dados de 211 raças de cães. No estudo publicado em 2 de outubro na revista científica Scientific Reports, eles verificaram que agressões, maus-tratos ou abandonos nos primeiros seis meses de vida são fatores influentes para que cães se tornem mais reativos e medrosos na vida adulta.
Histórico canino
A pesquisa contou com informações fornecidas por 4.497 tutores de cães de países de língua inglesa. Além de responderem um questionário sobre informações detalhadas dos seus companheiros de quatro patas – raça, histórico, ambiente em que vivem, adversidades no início da vida –, os tutores participaram do Canine Behavior Assessment and Research Questionnaire (C-BARQ), um teste para os níveis atuais de medo e estressa do cão.
Através de ferramentas estáticas que consideravam tanto as respostas dos tutores quanto características das raças, os pesquisadores puderam determinar quais destes fatores tinham maior influência no comportamento do animal.
O dado de que cães que passaram por qualquer experiência adversa nos primeiros seis meses de vida tinham mais chance de se tornarem reativos na vida adulta independeu do sexo, idade, origem ou castração do animal.
No entanto, os efeitos dessas adversidades variaram significativamente entre as raças. De acordo com comunicado, algumas raças como husky siberiano, esquimó americano e tipos de pit bulls eram mais propensos a se tornarem reativos e medrosos após traumas precoces. Já raças como o labrador e golden retriever foram vistos como menos prováveis de desenvolverem comportamentos de agressividade.
Cuidados adequados no início da vida
Segundo os cientistas, os resultados sugerem que fatores genéticos e hereditários dos cães também são importantes no desenvolvimento de comportamentos problemáticos.
“Algumas linhagens de cães passaram por seleção artificial para fenótipos comportamentais que podem aumentar o risco ou a resiliência à exposição ao estresse, oferecendo uma oportunidade para examinar as interações entre traços hereditários e adquiridos”, descrevem eles na pesquisa.
Da mesma forma que humanos, os cães têm em seus primeiros meses de vida uma janela para o desenvolvimento emocional, sendo os cuidados adequados de criação essenciais para a definição de comportamentos futuros.
“Nossas descobertas estabelecem que a ancestralidade da raça e a experiência individual interagem para manifestar comportamentos de medo e reatividade em cães, confirmando que o comportamento socioemocional é moldado por interações entre genes e ambiente”, afirmam os pesquisadores no estudo.
Fonte: G1